segunda-feira, 20 de outubro de 1997

Conversa com Bea Doldám: A face próxima da dispersom - Outubro de 1997

A face próxima da dispersom

Beatriz Doldán Theodosio, Bea para a gente mais achegada, leva seis anos visitando os cárceres de Córdoba e Jaén umha vez ao mês. Alí atopam-se recluidos os presos independentistas Javeir Filgueira e Carlos Deive. Falar com ela, escoita-la, é conhezer a realidade da dispersom de independentistas nos cárceres espanhois.

Mira directamente aos olhos, com palavras sencilhas. Na face debuxa o seu entusiasmo polo seu trabalho numha oficina de informaçom juvenil: "gosto do contacto co público, conheces muitas realidades e aprendes todos os dias; a mocidade, por ejemplo, para muita gente é a grande desconhecida". Só quando fala da dispersom, dos cárceres ... um pequeno movimento do lábio inferior revela a emoçom que vai por dentro.

Bea, levas seis anos viajando mil quilómetros umha vez ao mès para visitar dous cárceres.

A quem vou visitar é a dous presos independentistas, Javier e Deive, que estám em Jaén e Córdoba respectivamente. Levam oito anos em cárceres espanhois, seis anos a mais de 1.100 quilómetros da Terra. A política de dispersom que mantém a sete independentistas em cárceres fora da Galiza, nom tem trazas de cambiar co actual Governo do PP. O traslado de Inácio Martínez Orero a Valladolid é umha mostra recente dessa vontade política. Mesmo pode ser que quando se publique esta entrevista, Oliva Rodrigues e Suso Irago que se atopam em Corunha, sejam já dous nomes mais a engadir à dispersom. Por isso digo que a tua pregunta nom é exacta ( sorrí ), nom vou visitar cárceres, vou visitar a dous galegos que mesmo poderiam estar em Puerto de Santa Maria, Ceuta, Melilla, Canarias... ou a onde os levasse a dispersom.

Dous mil quilómetros numha fim de semana nom dá para entreter-se muito coa paisagem...

Pois mira, saio de A Corunha às nove da noite e estou de regresso o luns às nove menos dez, co tempo justo para entrar ao trabalho. O custe da viagem é de 40.000 pesetas, sem incluir a comida onde sempre podes amanhar doutro jeito, com cousas da casa, ou pasando a bocatas... Jaén é umha cidade moi dura, Córdoba é mais hospitalária. Alí, em Jaén sempre tês presente que estás fora da Terra. Suponho que tem que ver com que é umha cidade de terratenientes, cumha Academia de Guardia Civil e um macro cárcere no que devém em postos de trabalho, serviços e negócios relacionados com tudo isto. Córdoba é diferente, mesmo o cárcere é o típico "provincial" meio em ruinas, onde a pressom da prisom nom é tam forte. Digo tamém o de Jaén polo jeito no que se sinte alí o nacionalismo espanhol, agressivo para todo o que signifique independentismo. Mesmo eu tenho problemas para reservar alojamento. Umha noite chegarom a erguer-me da cama dum hotel às doze e meia da noite, "recomendando-me" que nom volvesse reservar alí.

O cárcere de Jaén sendo de máxima seguridade nom parece moi seguro para a povoaçom reclusa.

Um dado que dá umha ideia real do que é Jaén é que no ano 96 morrerom seis presos, um deles dos calificados FIES. As causas de falecemento som o "suicidio".Sabes que a calificaçom de FIES é totalmente alegal. Aplicase-lhe a todos aqueles presos e presas considerados de perigo para a cadea. Na práctica estase-lhe aplicando às pessoas mais reivindicativas que nom se deijam dobregar polo sistema penitenciário e às presas e presos políticos. Estes Ficheiros Internos de Especial Seguimento tenhem umhas condiçons moi duras nos cárceres, com ailhamentos, intervençons da correspondência e as comunicaçons; registros e cacheios mesmo à noite... Um destes seis moços que morrerom o ano pasado em Jaén, levava desde que o trasladaram, em ailhamento. Vinha castigado doutra prisom por pegar umha patada a um funcionário. Outros presos escoitavam como lhe pegavam a diário, logo apareceu aforcado. Som pessoas que nom tenhem direitos. O cárcere sempre é inumano. Jaén é a perfeiçom dessa política penitenciária. Javier junto cuns prisioneiros vascos , levam mais dum ano no módulo de ailhamento. A disculpa para leva-los alí foi o ter que fazer obras no módulo que ocupavam. Javier é o único independentista em prissom que está clasificado na actualidade em primeiro grao, que é o regime mais duro de cumprimento. Isso é Jaén e como castiga um comportamento coerente no cárcere. Soma-lhe agora os dous mil quilómetros para umha visita de 40 minutos ou um vis a vis dumha hora.

Ti pertences a umha organizaçom anti-represiva, CAR, quais som para ti as coordenadas polas que se deve mover a política anti-represiva no país.

O país está a sofrer umha vaga represiva que tem como obxectivo frear a resposta popular ante a desfeita da política neo-liberal aplicada polo PP tanto desde o Governo do Estado como desde a instituçom autonómica capitaneada por Fraga. Daí a popularidade em negativo de persoajes como Diz Guedes. A represom se centra nas mobilizaçons na rua, nas luitas sindicais, na mocidade, nacionalistas... e a represom contra das organizaçons independentistas, mesmo estas últimas detençons podem situar-se dentro da mesma linea de actuaçom do poder espanhol. As organizaçons anti-represivas CAR e JUGA nom fomos criadas em principio para dar apoios, informaçom e respostas a este tipo de represom tam geralizada. Os meios som poucos e a experiência acumulada insuficiente. A nossa raçom de existir é, hoje por hoje, a existência nos cárceres de pessoas independentistas presas pola sua vinculaçom co que significou a actividade armada do Egpgc. Qualquera passo que rompa co impasse no que nos atopamos passa por umha unidade de acçom e de estratégias. Aos presos e presas hai que trae-los ao País. Temos que pôr fim entre todos e todas a esta situaçom de condea engadida para as pessoas presas e para as suas familias e amizades. As diferências que poida haver entre Juga e Car tenhem que passar a um segundo plano. O independentismo assim no-lo está a reclamar. É certo que houvo abandonos da organizaçom armada, mas nom dos postulados independentistas nem claudicaçom ante o poder espanhol; houvo distintas análises políticas e erros polas duas partes. Neste momento e sobre todo sem actividade armada desde o ano 91, penso que cumpre um esforço unificador das duas organizaçons que representamos a este coleitivo de galegos e galegas que padecem a face mais agresiva do Estado espanhol, para conseguir a sua liberdade.

19-10-1997
Lupe Ces
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quinta-feira, 2 de outubro de 1997

Eleiçons 1997

Intentarei em poucas palavras explicar o porque considero que umha pessoa independentista teria que votar o próximo dia 19, BNG. Algumhas das razons que vou expôr, som parciais, outras mais fundamentais, porém suplico a quem lea esta aportaçom faga umha valoraçom global das mesmas porque só deste jeito podem ser entendidas.

O BNG nom é um proxecto independentista, mas é um proxecto do País, para tentar sobre-viver como naçom dentro do Estado. Nom é um proxecto revolucionário, entendido como impulsor dum modelo novo de sociedade, mas é um proxecto que se encadra dentro do campo progressista e valedor do calificativo de "esquerda reformista".

Há possibilidade certa, co esforzo dos sectores progressistas da sociedade, incluido o independentista, de que o BNG poida acceder ao Governo da Xunta em coaliçom co partido espanhol PSOE. O BNG careceria de todos os jeitos, do poder real que posibilitara um cámbio de forzas dentro do Estado. É certo que seria um Governo moi encorsetado para o nacionalismo, mas provocaria umha nova dinámica de debate social dentro da Galiza e um incremento na conciència nacional. O que seria já positivo, sem mais voltas, é derrotar democráticamente, se a este jogo entre desiguais se lhe pode chamar democrático, a Fraga, debilitando, como se dum efecto dominó se trata-se, à força política com maior presència e maior poder dentro do País, o PP, que nom vai dubidar em utilizar toda a sua rede e poder caciquil para fazer durar o menos posível o hipotético governo.

O BNG tem a estratégia de governar "custe o que custe", é dizer, amarrados pola falta de poder real, entre o PSOE, o caciquismo, o governo de Madrid e umha sociedade galega que precisa, mas nom demanda, cámbios radicais. Pode passar como aconteceu em Malpica quando se perdeu o governo municipal. Outro lastre é o contar cumha militáncia moi acomodada a métodos de luita e reivindicativos, que nom implicam muito compromisso, entre ela a aristocrácia sindical. Pode-se repetir a situaçom de desmoralizaçom de quando se expulsou aos parlamentários por nom ter jurado a Constituiçom. Mas essa é a estratégia do BNG, a sua aposta, refrendada hoje por um sector importante da sociedade. Mas que passa co Independentismo?

A FPG aparece como a única alternativa independentista que se pode votar nestas eleiçons. Mas é umha organizaçom lastrada por ser um dos anacos visíveis do que resta do que foi o proxecto político que se artelhou ao redor do EGPGC. A maiores esta forza política mais dumha vez traspasou a linea que separa solidariedade e mimetismo, em relaçom à luita independentista de Euskadi. Muitas das pessoas que componhem as suas candidaturas, som gente luitadora, que sofre repressom polo seu compromisso político e sindical, mas nom é suficiente. Nom chega com ser pessoas honradas e coerentes. Isto, com ser imprescindível, é claramente insuficiente se nom se conta cum proxecto político independentista que resposte à pergunta fundamental de que tipo de sociedade queremos construir para o século XXI. É por isso que valoro inútil o esforço da FPG apresentando-se a estas eleiçons. Baixo o meu ponto de vista, os esforços deberiam ir dirigidos a artelhar umha alternativa independentista de síntese. Umha alternativa que recolhesse o capital político e humano que se criou na década dos 80 ao redor dos principios de Independência, Anti-Patriarcado, Reintegracionismo lingüistico e cultural, Anti-militarismo e Socialismo Ecológico. Umha alternativa que figera possível o encontro generacional entre o independentismo que se criou ao redor da ideia, hoje superada de "Partido Único"; o que se entregou a um enfrentamento directo co Estado cum claro compromisso co País, mas hoje claramente derrotado, e umha mocidade independentista que às portas do novo século, parece abandoada à sua sorte, em quanto aos envites repressivos do Estado se refire, e quedar assim grupusculizada e de costas à realidade social.

01-10-1997
Lupe Ces
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quarta-feira, 24 de setembro de 1997

Repressom - Setembro de 1997

Repressom

Estuda na Escola de Canteiros de Sam Joam de Poio, "ainda que tamém há canteiras". Até o ano passado sempre vivira em Ourense, polo que essa pequena vila onde aterrou no curso 96-97, era todo novidade para el. " Vivia numha pensiom onde havia todo tipo de gente, o mesmo que na escola, mas como soe passar quando vas estudar fóra, tês que fazer amizades e ir situando-te pouco a pouco". A polizia comezou a actuar com rapidez. Falou com o dono do bar onde parava sempre, com pais de rapazes cos que se relacionava..., informamdo-lhes da perigossidade da sua militáncia em AMI. " Coa dona da pensiom foi o pior. Nom sei que demo lhe falarom que me dixo que nom podia voltar por alí o próximo curso. E em Poio é a única pensiom que há, polo que tenho que ir viver a Ponte-Vedra. Tamém sei que entrarom no meu quarto para registra--lo".
Em Ourense é um rapaz moi conhecido. Marcos Ferradás agora tem 21 anos, mas foi aos 14 que comezou a sua viagem polo independentismo. " Sim, no coleitivo Meendinho. Por isso sempre estava afeito a estar entre muita gente. Quando te vês assim só, num sitio onde nom te conhezem, e a polizia presionando a umhas pessoas que nom sabem nada de ti, das tuas ideias, do teu jeito de ser, das tuas relaçons..., fam-te sentir mal, cumha grande impotência. Naqueles momentos sentim muito em falha a casa, as amizades de sempre. Sentim morrinha de Ourense. Sim, sofres muito. Alí nom houvesse sido igual".

Nom pode evitar sorrir quando lembra à dona da pensiom coa folha do Faro de Vigo, onde aparez el numha rolda de imprensa com titulares de "Euskadi Conexiom". " Mira, mira o que dim del na imprensa- dizia-lhe a senhora a outro mozo da fonda. A verdade é que nunca pensavamos que um simples auto-colante fosse desatar tanta tempestade. Foi um autocolante-bomba o de Diz Goebles", e pom os olhos coma olhando para aqueles dias, sorrindo, ainda incrédulo de que todo aquilo passasse na realidade.

Entre os mais de cem insubmissos na Galiza está Alexandre Pérez Fernández. Ainda que foi julgado e condeado no mês de maio, a 2 anos 4meses e um dia de prissom, foi no ano 94 quando se fisso insubmisso. " Som estudante e tinha pensado esgotar todas as prórrogas. Eu já me tinha decantado pola Insubmissom. Mas recém cumpridos os 21 anos enviarom-me umha carta do Ministério Espanhol de Defensa, para que me incorporasse a filas numha semana. Quando me equivoquei cubrindo umha solicitude de bolsa para estudos, chamárom-me e puidem retificar. Quando me equivoco solicitando a prórroga cum ano de antelaçom, avisam-me umha semana antes para incorporar-me". Em sete dias tem que decidir o que el pensava tomar com muita mais calma.

" Ser insubmisso numha cidade coma Ferrol nom é o mesmo que se-lo em Compostela ou em Vigo. Lembras-te de quando o alcalde dixo públicamente que nom se retirava a estatua de Franco porque havia pressons dos militares? Eu mesmo na minha familia tenho gente que está no Exército, como a maioria da cidade. A presença e influência sinte-se a diário". Os medos e a pressom nom faltarom nesses sete dias, mas tampouco ao longo detes tres anos. " Nom vas poder fazer esto, nem aquilo... a familia preocupa-se. Passas-te horas discutindo e aclarando o que para ti é obvio e justo. Mas o que me indignou foi que desde a mesma oficina de reclutamento do Concelho, quando me chamarom para lembrar-me que ao dia seguinte tinha que apresentar-me no quartel, intentaram convencer-me ponhendo-me medo com todo o que me ia passar. Esse colaboracionismo cego".

O dia do julgamento nom faltarom apoios familiares, de amizades e políticos. "Som de Galiza Nova e nom tivem que recorrer a advogados de oficio" Ainda cos apoios, afrontar um julgamento com 21 anos nom é prato de bo gosto. Acudir a outras vistas, conhezer a actitude do juiz, reconhece que lhe foi moi útil. " Todos os dias há algo que che lembra que tês umha espada pendurada enriba tua. Sei que podo ir ao cárcere. O PP acelerou os trámites para os julgamentos. Está endurecendo-se com todo o mundo. Os insubmissos neste caso nom imos sofrer discriminaços. Imos ser reprimidos como o resto."

"Amolou-me que tivesse que passar em tempo de exames". Roberto Reigossa, de 20 anos de idade vive perto de Mondonhedo e há uns dias comparecia acompanhado polo seu pai e à sua nai a umha vista oral por desordes públicos e resistência à autoridade. " Só estavamos colando uns cartaces em Compostela, que é onde eu estudo. A polizia liou-no todo". Quando chegarom à sua casa, intentavam mostrar solidariedade co seu pai. Um home muito conhecido e respeitado polo seu trabalho no concelho. "Apresentam-no coma umha desgracia para a familia, ter um filho independentista. Alí no meio do monte onde vivo eu, se nom tês apoios na casa, quedas numha situaçom muito difícil. Cargarom-me o 25 de Julho. Negarom-se a achegar-me até o auto-carro. Eu alí estou muito ailhado e o que mais te queima é estar longe dos demáis".

Nas vilas e parroquias pequenas, o feito de que vaia a Guardia Civil a umha casa marca muito. A gente conhecesse toda. Mas às vezes só basta com que se visite a taberna. É o centro social por excelência. Um uniformado comenta no bar que " o rapaz é bo, mas anda em mas companhias...", " avisa ao teu filho que nom ande com esse rapaz", e toda a parroquia queda enteirada. No caso de Rosa Vasques forom mais direitos. A sua nai tem um negócio e forom-lhe alí a informar-lhe que tivesse coidado coa sua filha, que estava "sendo seguida". " A minha nai estava furiossa e mais asustada. Eu já notava há um tempo como pessoas de paisano desconhecidas para mim, seguiam-me às vezes. Um amigo meu, menor de idade, que foi levado a comisaria polo seu pai, dixo-me que lhe ensinaram fotografias minhas. Foi o que me decidiu a ponher a denúncia diante do juiz. Nom pode ser que pola nossa actividade independentista fagam contra nós esta pressom. Fam-te sentir mal, como se estivesses fazendo algo indigno ou que tês que ocultar."

Mariano Abalo já nom é novo. Leva toda a vida no nacionalismo, e já anos militando na FPG e como concelheiro em Cangas. Dos sucessos que se desenvolverom nesta vila no ano 89, el junto a três pessoas mais, tenhem que fazer frente a umha orde de embargo de case dous milhons e meio de pesetas. "Já me embargarom três mensualidades da minha nómina de Correios. E este mês tamém me descontarom 70.000 ptas por aplicaçom da Lei de Seguridade Cidadám. Tenho mais dumha duzia de espedentes abertos por esta causa. Há outros companheiros que estám pior. Mesmo tenhem presionado à direcçom da empresa onde trabalham, ainda que polo momento sem resultado. Manolo Caamanho tem umha orde de embargo de 11.300.000 ptas por via guvernativa, ainda que tem as mesmas acusaçons tamém por via judicial . Todo derivado da sua actividade sindical na luita dos marinheiros do Morrazo."

Co chamado "espiritu de Ermua" e utilizando a solidariedade que sempre amosou públicamente Mariano co movimento abertxale, o PP intentou forzar a sua expulssom da coaliçom que governa hoje o concelho de Cangas. " A tenssom foi moi forte esses dias. Eu sempre recevim ameaças de todo tipo, sobradamente por telefone, mas esses dias estavam doentes por fazer-me saber que me íam matar. Eu vivo co meu pai e a minha nai que padeze umha enfermidade grave. Isso amolache, mais nom vou deixar de fazer o que fago e que considero justo. Máximo quando vês quem está baixo as siglas do PP, antigos falangistas, gente que assassinou e encarcerou à mitade de Cangas... Nom se pode entender esta vila, nem os processos que se dam aqui sem conhezer a história mais recente, o que sucedeu aqui no 36". Reconheze Mariano a falta de tempo e capacidade para afrontar toda esta pressom. " Esta-se organizando umha campanha de solidariedade para fazer umha recolhida de cartos a nivel popular, tamém um festival... mas há tanto que fazer, estás em tantas cousas e tantos problemas!".

No semanário nacionalista A Nossa Terra, numha das suas contraportadas, informávasse da presência e pressom da Guardia Civil no concelho de Vilaboa. A luita contra da empacadora levou à vicinhança, maioritáriamente votante do PP, a um enfrentamento total contra deste partido e máximo contra os seus dirigentes Cuinha e Parada. " Estamos tranquilos, eles já perderom os papeis quando digerom que nos íam meter a empacadora por colhons. Nós respostamos que a nossa oposiçom à empacadora nom era por sexo, senom por seso". Manuel Guedes, membro da Coordinadora Vicinhal, mira com ilussom todo o que se fai em Vilaboa. Pensa que paga a pena porque nelo está o futuro de todas as parroquias do concelho. " Temos ao redor de 300 multas pendentes, de entre 150.000 e um milhom de pesetas. Da nossa parte há feridos e mesmo umha vizinha resultou com lessons de gravidade. Já vês, nom somos bem recevidos nos actos do PP. Mas ainda pior que a dor física é a raiba e a impotência. Saber que tês a raçom e que che imponham pola força esta animalada! A zona está fortemente vigiada. Toda esta presência dos guardias tem uns costes grandíssimos. A ironia é que o pagamos nós, cos nossos impostos. Como se podem malgastar assim os cartos dos galegos? Esta presência é cruel, é case um estado de sitio. Mas em Vilaboa todo o mundo sabe que esta luita imo-la ganhar"." Nom à empacadora", " Nom votes fascismo, nom votes PP",da unidade e firmeça da vizinhança dam fe as faixas que decoram cada leira, entre as leitugas, entre o milho..." Nom à empacadora", " Nom votes fascismo, nom votes PP". " Nós temos a nossa unidade, e o seguro do monte comunal. Imos fazer todo o que faga falta. Estamos preparados."

Luitas vizinhais, sindicais, insubmisos,estudantes, independentistas... Fam-te sentir só. Que penses que só che ocorre a ti, mesmo que só tem problemas quem os busca. Mas a realidade é que na Galiza tem problemas quem se move para defender o que é seu, quem exige os seus direitos, quem nom participa do poder establecido...Cumpre agora reforçar os fios da solidariedade, da resposta social frente à repressom. Porque cada problema, somado aos outros problemas, cada agressom somada às outras agressons, conformam a sintomatologia dum povo que pretendem afogar e luita por sobreviver.

Lupe Cês
24 de Setembro de 1997


Publicado no periódico "A Gralha"
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terça-feira, 2 de setembro de 1997

Um Mundo com rumo à Solidariedade

Ignácio Ramonet naceu em 1943 em Redondela, é especialista em geopolítica e estratégia internacional. Dirige em Paris o mensual "Le Monde diplomatique". Mas se o traemos até as páginas de A Gralha nom é pola sua condiçom de galego emigrado. É porque hoje está considerado como umha das poucas pessoas que se adicam, desde umha actitude crítica, progressista, ao estudo dos cámbios que acontecem no mundo.

Na actualidade há poucos intelectuais que tenham umha vissom global da realidade. Em EEUU está Chomsky; em Francia Bordieu; em Alemánia Habernas; Ricardo Petrella ... Ramonet trascende o seu papel de jornalista para apontar as pinceladas deste fim de século. As tres revoluçons - tecnológica, económica e sociológica- estám fazendo cambiar a realidade a umha velocidade pouco asimilável pola gente de a pé.

O pensamento marxista como filosofia política tardou case um século em conformar-se como resposta ao capitalismo emergente desde o século XVIII. Ramonet acredita que a resposta à nova revoluçom capitalista, o neo-liberalismo, tardará em surgir, como resposta global, quando menos esse tempo.

"Um mundo sem rumo", na editorial espanhola - Temas para debate-, é o último livro deste galego onde se fai umha análise bastante completa, e sobretodo, moi asequível , da situaçom mundial. Este galego autor do término pensamento único asegura que a realidade do planeta está no Sur, onde vivem 5.000 dos 6.000 milhons de pessoas que habitam a Terra. De certo é aí onde se estám a dar os movimentos mais novidossos que podem aportar um cámbio real, como o Movimento dos Sem Terra -MST- em Brasil, o Banco dos pobres em Bangladesh ou a luita do EZLN em México. Em relaçom ao movimento zapatista, Ramonet sinala algumhas caracteristicas que marcam um ponto de inflexom ao respecto dos movimentos actuantes na década dos oitenta. Por umha banda a utilizaçom da violência como defesa e nom como jeito de acadar o poder (como entende o pensamento militar, que pensa que o poder é o núcleo de todo). Hoje as sociedades som muito mais complejas e existem muitos poderes. O zapatismo está muito arraigado localmente na defesa de cultura, língua, tradiçons... mas ao tempo fai-se universal ao dialogar coa sociedade civil, articular pontos de apoio e conexom com outras luitas a niveis internacionais, utilizando meios de comunicaçom modernos e umha linguage política que rompe co dogmatismo e o sectarismo das esquerdas actuantes até agora.

Ricardo Petrella, asegura que na actualidade há 800 milhons de pessoas no mundo combatendo as lacras do neo-liberalismo. Pessoas que estám aportando alternativas, respostas, jeitos de luita... mas o movimento de resistência, com ser importante, adoece dumha articulaçom global.

Na Galiza, os Comités de Solidariedade (COSAL) , apostados nas cidades de Ourense, Compostela, A Corunha, Ferrol, Vigo e na comarca da Costa da Morte, esforzam-se por achegar-nos ao país a realidade doutras luitas, e essa vissom globalizadora tam precisa no contexto actual. A sua revista número 10, Outrasvozes, abre-nos a janela da luita zapatista, da realidade argelina, dos cárceres venezolanos, da luita em Euskadi e Irlanda... e adica o seu dossier ao povo romani (cigano), um povo invisível.

A cultura tradicional de esquerdas, sobre todo a mais radical, sempre despreçou este tipo de actividade político-solidária por considerar que estes movimentos estavam compostos por pessoas que em definitiva, eludiam compromisos coa realidade do seu próprio país para toma-los com outros povos e outras luitas que na distáncia faziam-se mais asimiláveis. Em definitiva, defendiam-se as metralhetas nicaraguanas ou palestinas e deixava-se o silenço como resposta à solidariedade com outras luitas. Hoje a prática dos movimentos de solidariedade, e sobre todo umha nova concepçom de que a transformaçom social vai vir da soma de muitas luitas, cos seus distintos enfoques, alternativas e sectores sociais representados, fai que estas afirmaçons quedem trasnuitadas.

02-09-1997
Lupe Cês

Publicadao no periódico "A Gralha" [Meendinho Edicions - 1994]
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segunda-feira, 14 de julho de 1997

Cada quem que chore as suas mortes - Julho do 1997

CADA QUEM QUE CHORE AS SUAS MORTES

Escrevo esta pequena reflexom baixo o medo. O medo que me produzírom os feitos mediáticos ocorridos estes últimos dias. Já antes, é verdade, tinha lido que a Guerra de Bósnia fora preparada e mesmo induzida utilizando a televisom. Algo semelhante ocorreu coa Guerra do Golfo. Foi muita a gente que mobilizou a televisom e a rádio nestes dias. Muita a gente que seguiu minuto a minuto o trágico desenlace do seqüestro realizado por ETA. Muita a gente que mesmo chorou nas suas casas e berrou "hijos de puta" coa maior das fúrias sentidas nunca. Nem umha soa voz discordante, nem umha soa voz crítica se filtrou nos meios de comunicaçom.

Para a imensa maioria os nomes de Rosa Zarra ou de Josu Zabala nom dim muito. Eu nome-os aqui por pôr algum dos nomes mais recentes na lista de mortes do outro bando. A maioria desconhece a realidade de Euskadi. Quantos presos e presas há? Quantos deportados? Qual é a última pessoa que morreu num interrogatório? Por quê se inventárom os grupos Y e quem o fixo? Por quê Portugal e Bélgica nom concedêrom as extradiçons? Que propom ETA para rematar coa violência na Alternativa Democrática?... Moi pouca gente saberá respostar a estas preguntas. Mas nom importará, ao fim som uns "apestados" aos que há que excluir da sociedade. Muita gente é manipulável e outra claramente opositora a todo movimento que proponha umha mudança. Por isso nom me vou dirigir a ela. Aí está e sempre estivo.

Quero dedicar a minha reflexom a todas aquelas pessoas que si conhecem o conflito vasco. A todas aquelas pessoas que com responsabilidades políticas e sociais nom alçárom a sua voz para nom chegar a este ponto sem retorno. Precisamente nom é o ponto sem retorno para a fim de ETA, é o ponto sem retorno para aprofundar mais nas feridas abertas do Povo Basco e nom permitir que cicatrizem. Depois dum ano de greves de fame, de mobilizaçons multitudinárias e mesmo unitárias polo translado das quase seiscentas pessoas presas; depois de pronunciamentos da Comissom de Direitos Humanos do Parlamento Basco, para que se cumprisse a legalidade vigente em matéria penitenciária; depois da fim dos dous seqüestros, o Governo espanhol, a pesar da solicitude de partidos como PNV e IU, nom move nem um milímetro a sua postura. Nom querem negociar, nom querem dialogar, querem umha rendiçom sem condiçons, numha luita histórica, na que, nesta última etapa, desde os anos sessenta, levam participado dum jeito ou doutro, vários centos de milhares de pessoas. Esta realidade é conhecida por muita gente com responsabilidades neste País nosso. Algúns já levam tempo desejando essa rendiçom, com humilhaçom , a poder ser, incluída. Outra gente, conhecedora dessa realidade, pensa que se se posicionam polo diálogo e a negociaçom vai ser esmagada pola apisoadora dos meios de comunicaçom. Ademais está o argumento de que se fai polo interesse do País.

Algumhas pessoas que coma mim temos votado Herri Batasuna nas eleiçons ao Parlamento Europeu, temos reconhecido publicamente o nosso erro, na medida que vulnerava o principio de "Forças políticas própias". Isso nom saca de que alcemos a nossa voz no meio deste deserto monocorde para apontar outra série de saídas ao conflicto que nom beneficiem exclusivamente a umha das partes. Sobretodo se a parte beneficiada é um estado que resulta ser o causante dos males do nosso País. É por isso que nom alcanço a entender a postura do BNG totalmente pregado às directrices desenhadas desde o Ministério do Interior.

A verdade é que havia que actuar com rapidez. Ter muita lucidez e aproveitar todo o espaço disponível, tanto social como nos meios de comunicaçom, para, antes de se consolidar este fenómeno mediático, alçar umha voz diferenciada. Umha voz que tivesse como verdadeiro obxectivo salvar a vida da pessoa seqüestrada e nom, ganhar umha batalha mais na luita antiterrorista. Nesse senso só os bispos bascos e a organizaçom pacifista Elkarri oferecêrom-se como mediadores. Por quê o BNG nom se ofereceu a cumprir com esse papel? Por quê nom se começárom contactos diplomáticos para constituir junto do Governo portugués umha comissom peninsular que mediasse no conflito? Claro, havía que actuar com rapidez e ter a suficiente clarividência como para constatar que umha alineaçom coas teses e as mobilizaçons dirigidas desde o estado, supunha nom já a condena da pessoa seqüestrada, senom o afortalecimento da idea de estado. "Por la libertad, la unidad y la paz". Essa alineaçom coas forças chamadas democráticas vai traer uns custos políticos e humanos gravíssimos.

Em primeiro lugar, nom vai rematar co problema da violência em Euskadi. Vai-no agudizar. Já se começa a falar da aplicaçom de novas leis. O estado de excepçom poderia ser algumha delas ou as leis repressivas contra da mocidade. Nom em balde o Mossad, é um dos assessores em matéria de seguridade interior e a Intifada ensinou-lhes muito.Quedaria por valorar o estado de enfrentamento civil que se alimentou ao abeiro das mobilizaçons. Em segundo lugar, o estado pode aplicar essas leis e mesmo toda a sua política repressiva no nosso País. Deste jeito é doado criminalizar qualquer oposiçom.
Nom se salvou a vida do membro da Ejecutiva do PP em Vitória. Nom se vai salvar a vida das seguintes pessoas que caiam vitimas do conflito nos dous bandos. A responsabilidade de quem, desde os meios de comunicaçom, pudo canalizar toda a energia humana cara umha soluçom dialogada do conflito, e nom o fijo, é grande. Note-se que estou deixando a um lado a responsabilidade das duas partes enfrentadas. Mas tamém é clara a responsabilidade daquelas pessoas e organizaçons que escolhêrom o caminho fácil de apoiar ao poder na vez de apostar forte polo dialogo. A partir de agora, e visto que se aposta polo enfrontamento, que cada quem chore as suas mortes.

Lupe Ces 14-7-97
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quarta-feira, 2 de julho de 1997

O problema é nosso

Entre a frase de José María Aznar "Espanha va bien", e a consigna "Contra o paro Independência!", existe a realidade diaria de 208.000 pessoas que buscam emprego. A estas cifras hà que engadir quando menos, o número de moços e moças que continua estudos porque nom vem claro o seu futuro no mercado laboral e aquelas mulheres que nom som consideradas povoaçom activa por estar adicadas ao trabalho doméstico. A falta de emprego asalariado, que nom de trabalho, está a ser um problema que afecta a um número importante de pessoas no nosso país, sobre todo mulheres e gente nova. Isso impide que nos conformemos com a boa marcha da economia anunciada por indicadores como a inflacçom ou o déficit público, e que tanta tranquilidade produce em certos círculos económicos ( "España va biem", a bolsa bate o seu record anual).

Mas é tamém a realidade desse amplíssimo número de pessoas que no nosso país engrossam as bolsa de paro, da pobreza e da exclussom social, o que deixa baleiras as consignas de carácter estratégico que falam dumha Galiza independente, de pleno emprego e umha sociedade com justiza social. Estas consignas quedam baleiras na medida em que a realidade destas pessoas, muitas delas familiares, amigas, companheiras..., nom cambia nem um milímetro, e cada dia devem enfrentar as conseqüências económicas, sociais e mesmo psicológicas que devenhem de estar excluidas do trabalho productivo remunerado. Às vezes desde a esquerda acomodamos as nossas conciências recordando-nos umha e outra vez que nom somos culpáveis desta situaçom. Na nossa propaganda e mobilizaçons fai-se umha detalhada denúncia da situaçom de exclussom social de importantes capas da nossa sociedade. Outras vezes justificamo-nos no feito de que "as masas nom siguem as nossas consignas radicais e de enfrentamento co sistema". A realidade é que carecemos de iniciativas que sejam capaces de dinamizar a amplos sectores sociais na defessa dos seus direitos. E o direito ao trabalho, a um salário que permita viver com dignidade, é um direito humano.

Manuel Mera, presidente da CIG, num artigo publicado no Faro de Vigo o passado 11 de junho, louvava as iniciativas que, asegura, vai tomar o governo de Jospin para luitar contra do paro. Concretam-se na criaçom de 700.000 postos de trabalho, 350.000 públicos, e a reduçom da jornada laboral. Promesas que nos recordam o período do ascenso ao poder da socialdemocrácia espanhola. "Há que distribuir o trabalho" asegura Manuel Mera, pois umha reduçom do paro aumenta o consumo e dinamiza a economía creando mais emprego. Estas premisas venhem-se demostrando como falsas, pois depois de 20 anos de "crise" podemos asegurar que o capitalismo nom só nom luita contra do paro, senom que necessita contar com grandes bolsas de exclussom . Estas bolsas permitem conter as reivindicaçons obreiras ( se nom estas de acordo coas tuas condiçons laborais sempre haberá quem queira fazer o teu trabalho..., as pessoas com trabalho som privilegiadas ainda nas peores condiçons). Mais ainda, muitas empresas nom precisam para nada incrementar a sua mam de obra para incrementar a sua produçom. Por umha banda estam os avances tecnológicos e a mecanizaçom de muitos procesos produtivos, e por outra a flexivilidade do mercado laboral, que Felipe Gonzalez vendeu como "um jeito de repartir o trabalho", e que nom foi mais que umha reforma laboral para reduzir os costes de produzom e aumentar a produtividade, é dizer, e como assim foi e está sendo, aumentar os beneficios. O segundo capítulo desta reforma do mercado de trabalho, redondeou esta flexivilidade, legalizando o despedimento livre. Agora, as itelectualidades postas ao serviço do capital, venhem defendendo umha nova teoria, a da "Produçom Ágil", que consistiria na reduçom da jornada laboral, cumha reduçom digerível dos salários, para aumentar a produtividade, pois está demostrado que em menos horas de trabalho as pessoas redemos mais. Por isso Manuel Mera queda-se curto quando apoia as medidas do governo francés e nom contempla outra série de medidas que si suporiam umha inflexom no caminho do paro e a exclussom de sectores da sociedade galega. Porque há que repartir o tempo do trabalho, mas tamém repartir o trabalho e repartir a riqueça.

Na década dos oitenta chegarom a existir na Galiza expressons organizadas de pessoas em paro. Nesse senso a A.T.P. da comarca de Ferrolterra (Assembleia de Trabalhadores em Paro), chegou a ter um pesso específico na luita contra da realizaçom de horas extra e no controlo das contrataçons. Mas as políticas de acçom sindical das centrais espanholas e da central nacionalista, íam por outros caminhos. A vida sindical está basada exclusivamente nas pessoas asalariadas fechando a participaçom e a representaçom, por activa ou por pasiva, às pesoas sem emprego. Mas o problema do paro e a pobreça nom é um tema exclusivamente sindical. Afecta ao conjunto da sociedade e porém debem participar na sua resoluçom todas as organizaçons que som a expressom dessa sociedade. Quando menos dessa parte da sociedade que quere rematar co paro e a pobreça. Mas para isso necessitamos derrubar esses muros que limitam o que é o campo sindical, o campo anti-militarista, o campo feminista, o campo ecologista... e ser quem de forjar alianças que arrinquem ao Estado e à Patronal essa milhora nas condiçons de vida desses centos de miles de galegos e galegas que som em definitiva as nossas familias, amizades,... ou mesmo nós. Porque o problema do paro e a exclusom é nosso.

A propaganda gomitada polos grandes meios de comunicaçom foi bastante efectiva neste tema. Muita gente considera que rematar co paro é um tema difícil, quando nom impossível. A creba da Seguridade Social, o custe das pensons, adubiado todo cos baixos índices de natalidade, o peso dos custes salariais na funçom pública... forom algumhas das argumentaçons que se utilizarom para, aproveitando a perda de rumo ideológico provocado pola desapariçom do socialismo real, paralisar e mesmo fazermo-nos retroceder nas conquistas sociais, preparando o caminho para a grande reforma neo-liberal, que nom é mais que a adecuaçom às novas necessidades de produzom. A luita contra do paro nom vai vir dos governos, dos poderes económicos, nem dos estados. A luita contra do paro temos que faze-la aqueles sectores sociais que vivimos do nosso trabalho ou aspiramos a faze-lo. Assim a luita contra da exclussom social pode chegar a ser um elemento aglutinador e de ligaçom das classes trabalhadoras. Todo esto na medida em que quando existe exclussom social, ninguém pode estar certo que a eventualidade e a flexibilidade no despedimento, nom lhe atinja. Polo tanto, a participaçom dos sectores operários mais favorecidos nom se trata só dumha postura solidária. A luita contra do paro é ademais, a luita pola melhora das condiçons de trabalho e da calidade de vida. De aí a necessidade de reformular a acçom sindical dando participaçom e representaçom às pessoas excluidas do trabalho asalariado.

Três som os pontos que deveriam ligar a luita contra do paro e a pobreça. Umha série de medidas a aplicar nas relaçons laborais dependentes das administraçons públicas e que tenham, mediante a negociaçom coleitiva o seu reflejo na empresa privada; a instauraçom do Ingreso Social Universal, e como último ponto, umha reforma fiscal que permita subsidiar os dous pontos anteriores.

Jornada de 32 horas semanais, supressom das horas extras, jubilaçom aos 60 anos, proibiçom do pluriemprego e sustituçom dos contratos fijos por eventuais. Estas seriam as medidas a aplicar polas administraçons públicas que gerariam já por elas mesmas, muitos postos de trabalho. Estas medidas iriam-se progressivamente ampliando à empresa privada.

O Ingreso Social Universal nom é mais que a conseqüencia dum direito que lhe é negado à pessoa. A sociedade nom cubre o direito ao trabalho polo tanto, mentres nom se asegura isto, as pessoas cobrem o seu direito a umha vida digna, cumha prestaçom económica, que no nosso caso seria o equivalente ao salário mínimo interprofisional, 66.630 pesetas ao mês, em 14 pagas. A cámbio desta prestaçom, se participaria em actividades de formaçom e reciclagem laboral. É importante sublinhar o carácter individual desta prestaçom, sem ter em conta as caracteristicas das relaçons afectivas ou sociais.

No terceiro ponto entrariam toda umha série de medidas que perfilariam um novo sistema fiscal que permitiria subvencionar os dous pontos anteriores. A maiores dumha luita decidida contra do fraude. A reforma fiscal aumentaria as taxas sobre os beneficios empresariais e grandes fortunas, que no ano 96 aumentarom um 16%. Há acçons que cotizam em bolsa que, de cada 100 pesetas de investimento tirarom um interesse, no presente exercicio, de 80. Muitos pensarám na famossa ecuaçom de que se se grava nos beneficios, reducira-se a inverssom e polo tanto nom se gerará emprego. Mas a realidade di-nos que na actualidade só o 20% do capital inviste-se em actividades produtivas e um 80% em actividades financieiras especulativas.

A maiores das medidas recaudatórias, devem-se reduzir os gastos públicos, mas nom na sanidade ou na educaçom, senom os gastos militares, suntuossos e burocráticos. Só os gastos militares tenhem um presuposto anual de 1,9 bilhons de pesetas no Estado Espanhol.

Paralelamente a todas estas medidas cumpre analisar a necessidade de asalariar o maior número de actividades que hoje se dam no àmbito doméstico, e aquelas que nom sejam factíveis de salarizaçom devem repartir-se em relaçons de igualdade e cooperaçom. Se esquecemos estas medidas nom estamos falando dum verdadeiro reparto do trabalho. A inflexom que suporiam as anteriores reformas deixaria intacta a exclusom de género.

Todas estas medidas favorecem um intervencionismo que dá protagonismo e fai depender mais as nossas vidas do estado, justo num pais que carece del. A luita contra o paro e a exclusom somaria outro aspecto, o da necessidade de poder político. Falamos dum estado galego mas cumpre ir dando-lhe umha concreçom a essa ideia, e em que medida tem que ser um instrumento que resolva os problemas sociais e nom os agudice ou perpetue. A defessa de economias alternativas, de cooperativas, modelos de autogestom, de comércio justo tampouco tenhem porquê ser incompatíveis coa luita contra da exclusom social , mais ao contrário podem ser complementárias, o mesmo que a defessa de alternativas de produçom ecologicamente sostiveis.

Deveria ser, como vimos ao longo desta pequena reflexom, a organizaço sindical umha das estructuras mais útis para luitar contra o paro e a pobreça, ainda que nom a única. É por isso que nom compartilhamos a ideia que se expom na anterior Gralha de que o independentismo nom tinha o seu espaço, nem deberia busca-lo na central nacionalista. O último congresso da CIG demotrou-nos o contrário. É mais, na sua fase de re-formulaçom, a participaçom nas organizaçons sociais e a experiência nas luitas pola melhora da calidade de vida e a defessa dos direitos sociais e individuais, pode dar-lhe a clave da própria auto-organizaçom e do tipo de sociedade, em definitiva , que queremos construir.

Ferrol, 2 de Julho de 1997.
Lupe Cês

Publicado no xornal "A Gralha"
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segunda-feira, 7 de abril de 1997

Que nom nos poda o silêncio

Crianças ciganas que venhem visitar à sua "mama" ou ao seu "papa"; a avóa do ionqui que nom tem nem para mercar uns zapatos e nom sabes a maioria das vezes como pudo amanhar-se para chegar até alí, devido à sua avanzada idade; a rapariga que nom tem mais de vinte e trae colgado do vam o filho do que está preso e vem contenta porque lhe conseguiu os cartos que precisa para o café ou para a dose; a marroquina que vem ver ao home da sua vida, aquel que lhe trata aos filhos do outro como se fossem del... todos e todas elas, som a populaçom que aguarda os sábados e os domingos o seu turno de visitas nos cárceres do Estado Espanhol. Quarenta minutos para intentar fazer-se entender a berros, ou a olhadas que todo o dim, detrás duns vidros e uns barrotes que intentam conter o que esta mesma sociedade produze, miséria e dissidência.

O informe do Valedor do Povo segundo a imprensa escrita do mês de março, resalta como primeiro problema dos cárceres na Galiza a entrada de "droga". Quedam num segundo plano a massificaçom e amoreamento; a falta de instalaçons mínimas como acontece no cárcere de A Corunha onde nom há nem comedor; a situaçom e atençom sanitárias que a maiores de outras enfermidades, tem um saldo ao seu favor de um 60% da populaçom reclusa portadora do VIH; a deficiente alimentaçom e a práctica inesistência de actividades ocupacionais... Tampouco parece ser relevante para o Valedor do Povo as mortes que se produzem nos cárceres, como a do passado mes de novembro de Julio Jiménez Jiménez, ingressado na cela 21 da galeria D, do Módulo 2 de Bonxe, onde morreu segundo as testemunhas dos seus companheiros, por falta de atençom, pedida insistentemente por el e os demais reclusos com o único meio que tenhem de fazê-lo: batendo na porta desde o momento em que o fecho metálico deixa--os até o dia seguinte na soidade e na impotência. Ainda que às vezes essa soidade haja que compartilhá-la com duas ou tres pessoas mais, num habitáculo pensado para umha só. Os funcionários nom acudírom para salvar-lhe a vida, mas essa nom é a única violaçom dos Direitos Humanos que se produz nos cárceres. As sovas, os cacheios com espido integral obrigando a flexons, introduzindo objectos no ano do recluso, os asolamentos, a violaçom das comunicaçons e correspondència... som algumhas das práticas habituais que Instituiçons Penitenciárias conheze, e mesmo favorece, rodeando de impugnidade a aqueles funcionários e funcionárias que as executam. Quem lhe pediu responsabilidades ao funcionário do cárcere de Bonxe que depois de obrigar a um desnudo integral a Javier Álvarez López, submeteu-no a abusos desonestos? O mesmo que tinha várias denúncias por apaleamentos de presos e segue exercendo de funcionário?

O total desamparo frente a arbitrariedade das autoridades penitenciárias, na que se encontram as pessoas presas nom seria possível sem o consentimento ou, quando menos, desinteresse dos Julgados de Vigiáncia Penitenciária que, salvo honrosas excepçons, fam ouvidos surdos das contínuas denúncias e reclamaçons que provenhem de todas as cadeias. Como senom, entender o veto que o "Manual práctico para la defensa de las personas presas" conseguiu por parte de Instituiçons Penitenciárias? Este manual foi editado polo decanato dos Julgados de Madrid em abril de 1996, quando estava de titular do mesmo Manuela Carmena. Nel reconhece-se que "Nom é improvável que as pessoas presas se vejam submetidas a torturas físicas ou psíquicas, ou a tratos inumanos ou degradantes". É por isso que este manual dá umha informaçom vital à hora de denunciar este tipo de feitos. Em princípio estava pensado para o seu reparto gratuíto dentro dos cárceres. Quando já levavam circulando várias dúcias de exemplares, Angel Yuste, como director geral de Instituiçons Penitenciárias, ordenava a todos os directores e directoras de prissons que proibissem a circulaçom deste manual por considerar que o seu contido afectava ao régime penitenciário.

Mentres se vam aplicando pouco a pouco novas tecnologias (informativizaçom de ficheiros, automatizaçom das fechaduras, video-cámaras de controlo, e mesmo video-conferências para facilitar algumhas comunicaçons), nom se quere dar a reflexom e debate social sobre os objectivos que cumprem as penas privativas de liberdade, com que fins se construem as instalaçons penitenciárias, como se construem, e sobre tudo para que servem, tendo em conta que som as capas mais desfavorecidas da sociedade as que vam parar a elas. Tampouco se reflexiona sobre as causas do porquê ocorre isto. A maiores há um assentimento quase geral, quando nom um silêncio cúmplice, (porque quem cala consinte) sobre esta situaçom. No consciente e no subconsciente de muitas pessoas existe o convencimento de que o que lhe ocorra às pesoas presas tenhem-no merecido, pois no cárcere só há "deliqüentes, ciganos, negros, moros e terroristas". É o mesmo argumento de quem pensava que o detido na época franquista se tirara pola janela e que os desaparecidos na Argentina eram um invento da oposiçom. O mesmo jeito de mirar as cousas de quem entende agora que os suicídios som a explicaçom natural do "sem-sentido" dos abertxales e que a tortura nom existe mais que nos filmes. A fim de contas o "Informe Anual de la Asociación contra La Tortura" só confirma um aumento deste tipo de práticas entre os corpos e forças de seguridade do estado. A maiores o devandito informe conclue que as instáncias judiciais apresentam umha maior diligência nas denúncias apresentadas pola polícia, que nas que apresentam os cidadáns e as cidadás pola actuaçom destes corpos em relaçom a torturas e maus tratamentos. Tamém asegura que a meia de instruçom dum caso sobre torturas está ao redor dos 5 anos. Agora esta asociaçom enfrenta-se ao que vem sendo prática habitual dos julgados: impôr umha fiança elevadíssima por persoarse como acusaçom particular neste tipo de processos.

Algumhas instáncias internacionais tenhem-se feito eco da violaçom dos Direitos das pessoas presas e detidas no Estado Espanhol. Assim o inglês Nigel Rodley, relator especial sobre a tortura da ONU, no seu informe anual, por quinto ano consecutivo, menciona as violaçons dos Direitos Humanos por parte do Estado Espanhol. Mas é quizás a política de dispersom, aplicada por Instituiçons Penitenciárias à dissidência acusada de violência política, a que tem recolhido o maior número de pronunciamentos internacionais ao respeito. Os representantes do Estado Espanhol recebérom, com desgosto, mas imutáveis, em setembro do 96, umha Resoluçom do Parlamento Europeu a favor do cumprimento das penas perto do lugar de residência. Também recebérom vários requerimentos por parte do Comité para a Prevençom da Tortura. Umha comissom de Advogados Europeus Demócratas tem solicitada umha visita de investigaçom aos cárceres espanhois em relaçom com este tema.

Que se pode aguardar dum estado que nom respeita nem a sua própria legalidade? As Regras Penitenciárias do Conselho de Europa, a Lei Geral Penitenciária Espanhola, a mesma Constituiçom no seu artigo 25.2, fam ilegal a política de dispersom que vem aplicando o Estado ao numeroso colectivo vasco, aos presos sociais classificados FIES, aos pressos antifascistas do Grapo e aos presos e presas independentistas. Umha política que vem a engadir à pena privativa de liberdade, o sofremento de estar longe da Terra, das pessoas mais achegadas. Fai-se passar ás famílias por umha sangria económica e pessoal, nalgum caso pagando com a própria vida, polos despraçamentos de centos e miles de quilómetros que se vem obrigadas a percorrer para poder manter esse contacto de quarenta minutos. Escasos e precários minutos para inteirar-se mal de como vam as cousas "dentro e fora". O dia a dia das nove pessoas independentistas que continuam no cárcere está marcado por esta realidade da dispersom: Villabona, Ávila, Teruel, Salamanca, Burgos, Valladolid, Córdoba, Jaén ... cada um destes cárceres, com os seus muros, o seu arámio de espinhas, as suas fechaduras, o seu idioma alheio, as suas celas asfixiantes, o seus pátios limitados, concorridos e vigiados, com os seus recontos, os seus cacheios... e, como no caso de Jaén, com a morte presente no dia a dia (1 presa e 7 presos mortos nos primeiros messes do ano passado).

A única soluçom do Estado Espanhol para a dissidência política é a repressom e o cárcere. Okupas, insubmissos, sindicalistas, campesinhado, transportistas, estudantes, mineiros, vizinhanças com as mais variadas reivindicaçons, associaçons da mocidade, nacionalistas, independentistas... levam experimentado em pouco tempo o que está disposto a dar de si o neo-liberalismo que veu dar nova carta de impugnidade ao Estado. A única soluçom que temos contra da repressom é a denúncia, a organizaçom e a mobilizaçom. Que nom nos poda o silêncio. Aqui tortura-se, e a tortura utiliza-se como umha arma de guerra. Aqui morre gente nos cárceres. Aqui há dirigentes políticos que nom tenhem escrúpulos à hora de rematar coa dissidéncia. Aqui há meios de comunicaçom, com pessoas com nomes e apelidos ao seu serviço, que o mesmo reventam umha greve, que inventam novos perfis sociológicos para definir, dar caça e capturar à insurgência, que cream alarmismo social infundado para justificar políticas repressivas ou mesmo recortes de conquistas sociais. Aqui escondem-se as misérias nos cárceres e bota-se-lhes por riba umha obscura capa de silêncio para que deixem de existir na consciência da maioria, que sabe quem é o entreinador do Sevilla, mas que desconhece quantos cárceres há na Galiza, quanto sofrimento encerram os seus muros e mesmo porquê nem todas as presas e presos galegos podem estar nelas.

Galiza Abril 1997
Lupe Ces
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