sexta-feira, 14 de agosto de 1998

Entrevista con Mauricio Castro - Agosto de 1998

"O galego precisa dumha urgente acçom de massas na sua defesa"

Numha das tardes mais calorosas deste mês de Agosto citamo-nos com Maurício Castro Lôpez. Este jovem ferrolano é autor dum Manual de Iniciaçom à Língua Galega que leva na rua dous meses escassos. A cidade de Ferrol apresenta o índice mais baixo quanto à utilizaçom da Língua na gente nova. A publicaçom deste manual vem demonstrar mais umha vez que,dentro desta cidade supostamente tam espanholizada, existe umha outra que tem mui claro de que país fai parte.

Maurício tem 28 anos e tivo que finalizar em Compostela os estudos começados na Corunha para obter a licenciatura em Filologia Galego-Portuguesa. Daquela Meilán Gil, reitor da Universidade corunhesa, decidiu suprimir dita especialidade do seu campus.

Nom foi na Universidade precisamente onde me acheguei ao galego e concretamente ao reintegracionismo. Muitas pessoas nom acreditarám, mas fôrom as pintadas que olhava pola rua junto das relaçons que mantinha na minha época de liceu o que me levou à utilizaçom do galego e automaticamente ao reintegracionismo.

Na contracapa do teu livro falas de que está pensado para pessoas que partem já de umha consciência favorável à lingua.

No mercado há muitos livros especializados e para especialistas. Na norma reintegracionista nom existia nada que a popularizasse. Eu o que figem foi dar ao que existia, umha nova forma, asequível e juvenil. Nom só no formato.A gente nova é a que mais se achega ao reitegracionismo. A saída que está a ter o Manual, sem estar ainda em distribuiçom, demonstra que a focagem juvenil que lhe demos funciona.

Em cinco dos oito temas em que divides o Manual há um capítulo dedicado à Sociolingüística.

Acho que é fundamental. De facto, estou certo de que umha das carências que temos no nacionalismo é o dum estudo rigorosso sobre a teoria social das línguas. Valorizo alguns estudos feitos até agora como pouco científicos. Por exemplo, segue-se a avaliar o número de falantes com o mesmo esquema que o fai o poder. Para o nacionalismo deveria ter a chave esse menos de 10% de mocidade que fala galego nas cidades. O que importa nom é o idioma que falam os nossos avôs e avoas. Para mim é mais importante o que fala a mocidade, que é o futuro.

Nom estás a ser mui crítico, mesmo pesimista, coa situaçom da língua? Ademais existem movimentos organizados que tenhem como objectivo a normalizaçom lingüística.

Nas análises que se fam sempre se cai no voluntarismo como soluçom. Há que elaborar um corpus teórico sobre o que agir. Temos que planificar como recuperar a língua. Há que dar passos palpáveis pola normalizaçom. O trabalho das organizaçons de defesa da língua é a olhos vistos insuficiente. Actuam com sinceridade e abnegaçom, mas só a força social junto coa planificaçom lograrám passos qualitativos. Quê é o que temos agora? Nem a lei se fai cumprir. Todo isto deveria fazer-nos reflectir.

Desde as instituiçons avalia-se positivamente a utilizaçom do galego em campos aos que nom chegava e mesmo se fala dum aumento no conhecimento da língua entre a populaçom em geral.

A minha visom nom vem dada por umha postura pesimista senom por umha análise objectiva, com os dados na mam da situaçom da língua. Acredito que caminhamos à reduçom do Galego como língua limitada à transmissom cultural, e para isso dumha cultura académica e subsidiária. Aumenta o conhecimento, mas o declínio na utilizaçom entre a gente nova de cidades e vilas é alarmante. O conjunto do nacionalismo, nas suas distintas variantes políticas, deve esforçar-se por fazer um diagnóstico certo da situaçom e a partir de aí ver os passos a dar.

Desde umha postura reintegracionista parece contraditório falar de unidade dentro do nacionalismo pola defesa da língua. Alguns sectores nacionalistas valoram o reintegracionismo como um factor de debilitaçom e ataque do galego e identificado só com o independentismo.

O reintegracionismo é umha ferramenta mais para a normalizaçom. Quando o conjunto do nacionalismo se convença da necessidade do reintegracionismo terá-se dado um salto qualitativo na situaçom da Galiza. O reintegracionismo lingüístico favorece a auto-estima, rompe com a ideia dumha língua subsidiária do espanhol. Abre-nos as portas a um mundo lingüístico mui amplo, com múltiplas possibilidades nos campos editorial, multimédia... em todos os aspectos das relaçons internacionais. Temos que ter presente que estamos falando dumha comunidade lingüística de muitos milhons de pessoas. A gente que vem de fóra, com um pouco de objectividade, vê-o claramente. Nós parece que seguimos a ver polos olhos dos espanhóis, com um índice muito elevado de colonizaçom.

Mesmo dentro do reintegracionismo existem diferenças...

Se te estás a referir às duas normativas, acho que tanto o padrom galego de AGAL como o português servem para representar gráficamente o galego. Mas utilizo a norma galega e vejo-lhe vantagens para a nossa realidade nacional. Permite que a gente se identifique com o galego como variante nossa dentro do mundo amplo da lusofonia. Mantém as particularidades da Galiza como fai o brasileiro e o português. Tem a virtualidade de fazer ver em Portugal, que nom é que nós queiramos assumir a sua língua como própria, senom que som duas variantes da mesma língua. Isso resulta essencial para umha naçom como Galiza e mui pedagógico para o nosso vizinho Portugal.

Aponta logo alguns dos passos que segundo o teu critério deveria dar o nosso país,nomeadamente o nacionalismo, em todas as suas variantes, como representante mais claro da sua vontade de ser, para a normalizaçom da língua.

A língua nom está a ser o centro do discurso e a prática nacionalista. Nom é prioritária. A sociedade galega e o nacionalismo concretamente, nom estamos à altura das necessidades que tem o idioma. Há umha relaxaçom na militáncia a respeito do monolingüismo. Nom se exige o uso do idioma nas relaçons com outras instáncias ou no próprio trabalho social. Olha, um dado significativo é comprovar de umha parte, a escassa galeguizaçom do ensino, e de outra, que o sector social que representa hoje o nacionalismo segue enviando à essa escola espanholizada as suas crianças sem fazer um mínimo de pressom. O galego precisa dumha urgente acçom de masas na sua defesa. Para isso é necessária umha confluência de todos os sectores políticos, sociais, culturais, desportivos... E isso nom o pode conseguir um só partido nem umha só frente. É precisa da presença do reintegracionismo, nom dum jeito testemunhal senom prático. Penso que essa falta de visom global do país, e a aposta única por umha saída partidária e institucional está impossibilitando, por exemplo, a existência de meios de comunicaçom próprios como um jornal diário. Tendo em conta a massa social que há hoje detrás do nacionalismo deveria ser possível a sua existência, mas seguimos limitando-nos a simples órgaos de expressom.

Apontas umha mudança de rumo que precisaria mais dum golpe de leme.

É muito mais preocupante constatar como se fala dum achegamento a Portugal sem fazer o próprio em política lingüística, mantendo e mesmo potenciando editoras que passando por galegas nom som mais do que filiais de empresas espanholas, correias de trasmissom da ideologia dominante a respeito da língua. Umha mostra dessa visom do galego como algo pintoresco e regional é o papel de mera traduçom que muitas das vezes cumprem estas editoras. Num livro de exercícios de língua editado recentemente, exercício referido ao futebol aparecia ilustrado por umha fotografia dum jogador da selecçom espanhola.

Essa é a razom pola que o teu Manual está editado pola Fundaçom Artábria?

Nom podes esquecer a censura inquisitiva da maioria das editoras na Galiza, que é um facto objectivo a respeito do reintegracionismo. A Fundaçom Artábria é umha experiência inovadora em Ferrol. No fundamental trata de agrupar diferentes sectores sociais, oferecendo infraestruturas e possibilitando um trabalho em comum tendo como eixo fundamental,entre outros, a defesa e normalizaçom da língua nesta cidade. É por isso que quando me oferecêrom a possibilidade de editar o meu Manual nom duvidei.

Sabemos que a finais deste mês de Agosto nascerá a tua primeira filha.Quê futuro desejarias a respeito da língua para a pequena Antela?

Aspiro a que poda ter um pequeno círculo infantil no que poida falar a sua língua com outras crianças, o que, em Ferrol é umha autêntica utopia.

Lupe Cês
14-8-98 Ferrol


Entrevista a Mauricio Castro López. Presidente da Fundaçom Artábria.
Publicada em A Nosa Terra. Agosto de 1998.

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quinta-feira, 21 de maio de 1998

Mulheres Nacionalistas Galegas celebra Vª Assembleia Nacional

O domingo 28 de junho celebra-se em Compostela a que vai ser a Vª Assembleia Nacional do feminismo independentista. Fai agora três anos celebravam o anterior congresso nacional na cidade de Ferrol.

Valora-se esta juntança, desde M.N.G., como de consolidaçom e madurez dentro das dificuldades que atravesa o feminismo na Galiza.

Co lema FEMINISMO: A REVOLUÇOM SILENCIADA, pretendem dar umha resposta à utilizaçom oportunista e manipuladora que se está a dar desde o poder, da mensagem feminista. Esta manipulaçom concreta-se no lema utilizado desde a administraçom autonómica “A REVOLUCIÓN SILENCIOSA” , para se referir à luita polo direito à igualdade. MNG considera que “semelhante lema é um insulto a todas aquelas mulheres que ao longo da História alzarom a sua voz, mobilizarom os seus corpos e as suas mentes para criar as bases do que hoje se conhece por luita feminista, que para nada é umha luita silenciossa, senom que quer fazer-se escuitar em toda a sociedade, que está em cada berro de cada mulher agredida e assassinada; em cada discriminaçom, exploraçom e subordinaçom que sofremos as mulheres a cotio e que desde as instituiçons querem-se encargar de acalar, manipulando e usurpando a nossa linguagem”.

Para esta assembleia apresenta-se a debate umha só ponência que gira ao redor de três pontos fundamentais. O primeiro é umha pormenorizada valoraçom das distintas organizaçons de mulheres existentes no país. Um segundo ponto analissa as claves nas que se moveu MNG nestes três anos e um derradeiro ponto que propóm cámbios organizativos e de actuaçom baixo o lema “ modos de actuaçom”.

Nom se conta com novidade importantes na eleiçom da Coordenadora Nacional, mas si se tem presente para esta assembleia a necessidade de reforza-la. Os resultados deste encontro faram-se públicos no menor praço pòssível.

Lupe Cês
21 de Maio 1998
Publicado para o nº de Maio do 98 - "A Gralha"
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Soma e sigue da luita contra o paro - Maio de 1998

Soma e sigue da luita contra o paro

Na Galiza houvo várias experiências de luita contra o paro. Neste passado mês de Maio várias iniciativas caminhavam na mesma direcçom. Além disso é muito o caminho por percorrer para deixar de falar de 200.000 pessoas em paro.

Na década dos oitenta, na comarca ferrolana, com distintos nomes e em dististas etapas, funcionou um movemento de trabalhadores e trabalhadoras em paro impulsado pola antiga INTG e mais tarde, conjuntamente coa CXTG.

Ao longo de case oito anos, foi-se elaborando umha táboa reivindicativa que tinha como pontos mais interessantes o conseguir a prestaçom económica por desemprego para todas as pessoas em paro, cursos de formaçom ... E outras já conseguidas como as prestaçons médico-farmacéuticas e a exençom de impostos municipais.

Este movimento de luita contra o paro baseava-se na combinaçom da acçom reivindicativa e propostas às instituiçons e organismos com competências no tema.

Entre as acçons que tiverom umha maior proxecçom pública e conseguirom obxectivos concretos, podemos destacar a paralizaçom dumhas oposiçons que o Concelho de ferrol ia celebrar para cubrir duas praças de ordenanzas. Correu o rumor que essas praças estavam adxudicadas e as oposiçons iam ser realmente umha tapadeira. A Assembleia de Trabalhadores e Trabalhadoras em paro, convocou umha assembleia a onde acudirom todas as pessoas que queriam aceder às praças e realizou um sorteio público. O Concelho nom aceptou o resultado de aquel sorteio aludindo que nom era legal. Que só se podia acceder a essas praças por oposiçom. O dia dos exames, a ATP conseguiu que só se apresentassem as duas pessoas que sairam do sorteio. Desse jeito cumpriu-se a vontade da Assembleia.

Cortes de tránsito, feches no Concelho, no INEM, nos locais da ZUR ( Zona de Urgente Industrializaçom), paralissaçom de obras para conseguir reduzir as horas extra e o assinamento de contratos para gente da Assembleia... som algúns dos logros e acçons deste movimento que nunca chegou a ser de carácter nacional. Esmoreceu mesmo quando se intentava organizar umha marcha contra do paro por toda Galiza.

Deste movimento autóctono de luita contra o paro sairom pessoas significadas mais tarde noutras organizaçons e movimentos com releváncia no país. Estamos a falar de Ignácio Martínez Orero que o impulsava desde o seu posto de direcçom na INTG , e os membros da Assembleia: Manuel Chao Dobarro, Jaime Castro Leal, Carlos Longa, e o veterano Tono.

Ainda que a história desses anos, coas suas batalhas e vitórias está por escrever, pode-nos dar um pouco de luz em quanto ao movimento que neste passado mes de Maio abandeirou a luita contra o paro.

A reivindicaçom da jornada das 35 horas como umha das soluçons reais ao problema do paro, foi nas manifestaçons do Primeiro de Maio, consigna de primeira orde. Nos casos de CCOO e UGT, umha consigna oportunista dado que vinham de assinar coa Xunta de Fraga e Ramilo uns acordos onde a primeira cláusula exigida pola patronal para sentar-se a negociar, foi precisamente nom tocar a reduçom de jornada.

Centrada básicamente na zona de Vigo e impulsada ou simplesmente assinada, segundo se valore, pola CIG e a CGT, levou-se adiante umha campanha contra o paro que tivo na manifestaçom celebrada o dia 9 de Maio o seu ponto mais álgido. Concertos com grupos de alto ranking em ambientes alternativos como e umha marcha Vigo-Compostela, completavam umha primeira semana de Maio que levava aos meios de comunicaçom um dos primeiros problemas do país: contar com umha das tasas de desemprego mais altas de Europa.

Que essa tasa de desemprego afecta ao 40% da mocidade tem-no bem claro a Assembleia da Mocidade Independentista. Esta organizaçom juvenil veu desenvolvendo umha campanha paralela às que já marcamos com anterioridade, apontando no seu obxectivo contra das Empresas de Trabalho Temporal. As ETT segundo esta orrganizaçom supoem os níveis mais altos de exploraçom por quanto ficam com mais do 30% do salário e consolidam o trabalho em precário e sem coberturas sociais.

O passado 16 de Maio celebravam umha manifestaçom em Vigo como remate dumha campanha básicamente propagandistica e com algúm feche em ETTs de Compostela.

Nestas páginas de Gralha temos analisado com anterioridade quais seriam os pontos mínimos para conseguir que um problema estructural como é o do paro, deixa-se de se-lo nas dimenssons que acada na actualidade. Compre hoje utilizar estas líneas para fazer umha valoraçom do que significam estas mobilizaçons.

Antes mencionavamos aos sindicatos espanhios e os seus acordos sobre emprego co PP de Fraga. Agora só lembrar as loubanças vertidas polas direcçons de CCOO e UGT ao cumprir-se um ano da Reforma Laboral. Os espanhois tenhem polas suas contas 2.000.000 milhons de parados e paradas. Todo um exército de reserva de mao de obra. Quem se poida felizitar por isso, nom precisa de comentário. Mas que pasa no nosso país. As mobilizaçons de Maio, coa presença da CGT, forom algo mais que o eco que veu de Francia? Por outra banda, umha organizaçom da mocidade pode gerar por si mesma umha dinámica de luita contra do paro que obtenha transformaçons reais? A luita contra do paro é um problema dos parados e paradas e se nom se mobilizam é a sua responsabilidade? É um problema meramente sindical?...

Desde logo, um problema estructural da importáncia do desemprego, nom pode atopar soluçom nem agentes activos que as procurem, num só sector social nem muito menos numha só organizaçom. Nom pode ser um calco mimético dos ars que circulem por Europa.

Desde a humildade destas páginas nom nos cansamos de valorar a necessidade dum grande pacto nacional de luita contra o paro. Um pacto de “ medidas e acçom”, que busque os pontos de encontro onde confluam os interesses inmediatos da populaçom ocupada e da desempregada, um pacto que conte coa mocidade e coas mulheres, como sectores mais desfavorecidos no mercado laboral; um pacto que arrinque das instituiçons prevalecedoras das teorias neo-liberalistas, um novo marco de coberturas sociais e do reparto do trabalho e a riqueça.

Lupe Cês. 21 de Maio de 1998.

Publicado no periódico "A Gralha"
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quarta-feira, 13 de maio de 1998

Entrevista a Leandro Lamas - Maio 1998

Pintura, escenografia, debujo, muralismo... som ideias, maos, pinceis, postos no País. Gente nova que trae novos folgos. Que nom conta com masters, ajudas, bolsas e apoios oficiais. Gente que sabe de que lado pinta.

Tem 25 anos, estudou delineaçom e quando dí que é natural da parróquia de Ferrerias , do Concelho de Narom, fai-no com certa fachenda e os olhos cheios de picardía. Leandro Lamas Ermida é pintor e algo mais, como puidemos comprovar ao longo dumha entrevista informal que derivou em conversa sobre os mais variados temas, entre o barulho da cafeteria dum centro cultural onde Leandro acude a receber aulas de pandeireta.

-É que umha vez que começas a debujar vès cada vez com mais nitidez que todo está interrelacionado e umha cousa vai-te levando a outra. O do teatro é um ejemplo claro, porque quando vês um escenário é como se estivesses vendo um quadro.

Leandro leva tempo colaborando co grupo de teatro “ Castelo de Moeche” Agora mesmo estám pendentes do estreo dumha obra de Roberto Vidal Bolanho “Ledainhas pola morte do Meco”, que vai contar cum vestiario moi especial

-É roupa reciclada. Aproveitamos roupa já usada e materiais de refugalho, logo os pinceis e a pintura fixerom o resto. Sim, eu também interpreto um papel na obra. Como vès , sempre há um paralelismo em todos os aspectos artísticos.

Às vezes se confunde com el o papel de entrevistado e entrevistadora. É de poucas palavras. Mas estas fluem com facilidade quando se lhe pregunta polos seus começos.

-Na escola pública Ponte de Jubia, tivem a sorte de contar cum mestre que me ajudou a descubrir já de moi pequeno que eu gostava de aquilo de debujar e pintar. Logo comecei com banda desenhada. Tenho criado umha persoagem chamada Balbino, que penso seguir mantendo inédito, porque se trata dum velho moi bravo. Logo comecei coa pintura e o muralismo. A banda desenhada segoa trabalhando. Colaborei coa Asociaçom Reintegracionista Artábria na publicaçom “História da Galiza” . Muitas hora me levou! Comecei fazendo líneas e quando me dim conta havía que fazer líneas e líneas por todas partes.

Agora chega o momento de perguntar polas fontes , a técnica, o estilo....

-Tenho muito de auto-didacta. Assistim a aulas de Xaquim Marim. Aprendim muito alí. Ainda que foi mais o que aprendim das longas parrafadas que nos botavamos, que a técnica propriamente dita. Maside, Seoane, Díaz Pardo... som se se pode dizer desse jeito as minhas fontes. O meu estilo está em evoluçom, penso que simplifiquei bastante as minhas realizaçons. Agora umhas quantas líneas som as que dirigem todo o conjunto. Já sabes, cores vivos, lineas onduladas, rostros expresivos...

Leandro é conscente de que a sua arte pertence a este país. Sabe que por isso sempre se corre o risco de ser ou nom ser sentido e comprendido além destas paixages onde os seus murais aparecem mais vivos e à vez como um elemento mais que solprende até o ponto de nom percever como poderia ficar antes aquel muro , espido , sem a vida das pessoagens que Leandro tem deitado já em mais de seis edificios públicos da comarca àrtabra. O derradeiro, no salom de actos do sindicato CIG.

-O trabalho como muralista é interesante para o entorno. É um trabalho moi lucido. Um jeito único que tenho de compartilha-lo com muita gente, faze-lo público e para desfrute de todo o mundo. Ademais há muitas paredes que pintar....

Sabe da necessidade da promoçom. Pretende viver disto porque é do que gosta. Fala de gente nova coma el : Carlos Sardinha, Ladis... Aspira a que a arte plástica acade a energia que tem neste momento a música inspirada na tradiçom galega. Que se crie co tempo um movemento de gente nova, com novas ideias e estilos. Circuitos por onde a arte se consuma como a música, com cerveja ou copo de vinho se fai falta. Toca-lhe falar dos proxectos.

-Quero que a inauguraçom da exposiçom de junho na sá Sargadelos seja umha festa. Por isso vai tocar o grupo Cachimonia , de Neda.

Um grupo também de gente nova, que ponherá a marcha numha exposiçom onde no meio dos óleos apareceram os mais significativos pessoagens da mitologia galega: meigas, trasnos, fadas...

-Estou trabalhando na ilustraçom dum conto infantil, da autoria de Pepablo, co que sempre ando compartilhando cousas... Sim, colaboro com distintas organizaçons alternativas da comarca. Gosto de ver a utilidade do que fago. Som consciente de que se fosse doutro jeito nom pintaria assim.

Nalgumha romaria, na rua, numha praça pública ou em muitos locais desta comarca podemo-nos cruzar com camisetas, postais, cartaces... que com um lema reivindicativo , de denúncia ou solidário, vam indistintamente proclamando o nome do seu autor. Coas suas formas, coas suas cores, cos seus enormes olhos ... som de Leandro.

Lupe Cês
13 de Maio de 1998

Publicada no periódico "A Nosa Terra"
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sábado, 21 de fevereiro de 1998

... Mulheres assassinadas ... A ponta dum grande iceberg

Segundo dados do Ministério do Interior e do Instituto da Mulher espanhol, na Galiza morrérom no ano 97 ..... mulheres a maos dos seus companheiros e homes. Esta ponta corresponde-se cum grande iceberg que arrastra um saldo de miles de mulheres que cada dia sofrem a violência de género.

Na Galiza, segundo essas mesmas fontes passou-se de 760 denúncias por maos tratos no ano 89, a 928 no ano 96. Esta variaçom nom é muito significativa se se tem em conta que só representa ao redor dum 10% das agressons reais. Se nos fiamos da mesma fonte (Instituto da Mulher), o 51% das mulheres que convivem em parelha cum home, sofrem algúm tipo de maltrato físico ou psíquico.

A violência dos homes contra das mulheres, a violência de género, nom é umha realidade de agora, ainda que na sociedade mediática na que vivemos, nom existe nada que nom saia na televisom. E nos últimos meses, a raíz da apariçom, num programa de Canal Sur, dumha mulher relatando o inferno no que levava vivendo case 40 anos, e que posteriormente foi brutalmente assassinada polo home com o que um juiz obrigou-na, depois de repetidas denúncias, a compartir vivenda, a violência de género já existe!

Reconhecer a existência da violência sexista é como abrir a "Caixa de Pandora". Desde os poderes públicos vem-se na obriga de dar resposta a umha realidade que estava aí, mas que nunca interesou a ninguém, a nom ser às feministas. Mesmo Alvarez Cascos, há moi poucas semanas, asegurava que se tratava de feitos isolados fruto de mentes enfermas.

Dizemos que mentar, mesmo reflexionar sobre a violência de género nos meios de comunicaçom ou nos parlamentos, está traendo a mais de um de cabeça. Já se empezam a escoitar vozes que recomendam nom airear muito este tema porque a publicaçom continuada de informaçons sobre este tipo de actos pode produzir um "efecto mimético".

O ministro espanhol de Trabalho e Asuntos Sociais, Javier Arenas, assinava há uns dias um convénio de colaboraçom com o Conselho Geral do Poder Judicial para umhas jornadas sobre este tema, e o presidente do CGPJ, asegura que está elaborando umhas conclussons dumhas jornadas celebradas em Dezembro, para formular umhas "sugerências". Estám pilhados. Este tema é como umha pataca quente. Um pouco que se aprofundice nel e saltam em mil anacos todo o corpo legislativo, a política judicial, a política social, económica e educativa de qualquer governo.

Javier Arenas fai chamados constantes a que as mulheres denúnciem os maos tratos, e as mulheres vam e se lhe morrem assassinadas logo de repetidas denúncias! O CGPJ anda em jornadas, reflexons e sugerências, e as mulheres vam e se lhes morrem assassinadas baixo umhas sentenças que as obriga a permanecer perto dos seus agressores! E nom pidem papas. Agora pretendem respostar às grandes mobilizaçons do mês de Março aprovando um pacote de medidas que nom só nom ponhem o dedo nas causas da violência, senom que nem sequera recolhem aquelas medidas imediatas que as organizaçons de mulheres venhem reclamando ao longo dos anos.
As casas de acolhida som, entre outras cousas, o dedo acusador que indica que as agressons às mulheres som o único delito polo que a primeira que paga é a vítima e o seu entorno familiar. A figura do afastamento nom se aplica e como se já nom fosse pouco aturar os maos tratos físicos e psíquicos, as mulheres ham de colher o pouco que podam levar, em muitas ocassons o posto (mais "cargas familiares"), e buscar acobilho alí onde lhe podam dar a protecçom que nem na sua própria casa, nem no trabalho, nem na rua tenhem.

As organizaçons de mulheres e feministas um ano mais, ocuparám as ruas reivindicando e denunciando sobre este tema. Um tema sobre o que case todo o mundo tem esperiência, as mulheres como vítimas, muitos homes como maltratadores, como cómplices ou observadores sem implicaçom. Mas um tema ampliamente desconhecido para a maioria, nas suas raizes e causas, e mesmo nas suaa distintas manifestaçons. Umha prova de-lo é a cantidade de tópicos que circulam entre a gente mais nova (a gente nom tam nova já o viveu assim de "natural") e que nos fam pensar que as cousas nesse aspecto nom variárom tanto como se pensa. Mesmo a cantidade de agressons e actitudes violentas dos moços diante das moças segue a ser moeda em circulaçom.

Um dos tópicos mais difíceis de desmontar é o que asume que a mulher que tem independência económica sofre maos tratos porque quer, por simples "masoquismo". O terror existe, e funciona. E por se fosse pouco ter que sobre-por-se ao medo, nom há lugar seguro para a mulher agredida. As forças de orde, o Sr. Diz Guedes e demais responsáveis da seguridade, andam demasiado ocupados controlando, listando e reprimindo as mobilizaçons e movimentos sociais. Nom tenhem tempo de asegurar os direitos fundamentais das mulheres, mesmo se se trata do direito à vida. E por se fosse pouco o terror e a falta de protecçom, há que reconstruir-se, porque a violência sistemática rompe, destrue a autoestima, a capacidade de reflexom, a capacidade de decidir, a capacidade de amar e ilusionar-se.

Outra prova do desconhecemento real que existe sobre esta realidade consistiria em perguntar às pessoas que tenhem responsabilidades ou militança activa nas organizaçons de esquerdas, e polo tanto supostamente interessadas numha sociedade igualitária e justa, sobre as causas da violência de género e as medidas para supera-la. Falamos só das organizaçons progresistas, porque as conservadoras, botando mao à orelha, diriam simplesmente " violência de...?", e toda a elite do PP, mulheres incluidas, fecham filas detrás da velha consigna "Família, Pátria, Município e Sindicato" (cámbiesse o de sindicato por partido e nem pensar no adjectivo de galega!) ante sucessos como o do escote, as declaraçons de Cascos ou às críticas às medidas que vam aprovar em Março contra da violência de género.

E a prova de lume da importáncia que as administraçons dam a este tema passa polo dinheiro. Quando se fala das autovias fala-se em miles de milhons; quando se fala de quota láctea e mesmo de supertasas, concretam-se as cifras. Pois bem, as mulheres nom estamos recolhidas nos investimentos, polo tanto, qualquer iniciativa, medida ou programa que se aprove sem colocar os correspondentes zeros, nom passa de mera declaraçom de intençons, acçons isoladas e polo tanto inúteis, ante um fenómeno social cumhas causas estructurais profundas e com expressons em todos os ámbitos sociais. Ainda bem que as mulheres caminhamos!

Ferrol, Fevereiro de 1998

Assinado.-
Lupe Cês Rioboo
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