O independentismo galego e o nacionalismo maioritário representado polo BNG, vem-se envoltos indirectamente, às vezes por própria decisom (caso da FPG), no enfrentamento que mantém o Estado Espanhol com o Movimento de Libertaçom Nacional Basco. As actuaçons de ETA na Galiza venhem a pôr mais umha vez este tema de actualidade, e as distintas actuaçons de instituiçons e grupos políticos botam novas luzes sobre qual é neste momento a situaçom das contradiçons Estado Espanhol- Galiza.
Suponhamos por um momento que somos parte integrante da esquerda nacionalista basca, veríamos com bons olhos a actuaçom de ETA na Galiza. Atacar os interesses espanhois ali onde se encontrem, seja Itália, Holanda, Andalucia, Levante ou agora Galiza. O nosso objectivo seria debilitar ao Estado para conseguirmos um processo de negociaçom polític.
Nom podemos negar a existência desses interesses espanhois no nosso país. Galiza forma parte dos domínios do Estado Espanhol e as suas instituiçons e interesses políticos e económicos campam pola Nossa Terra com bastante êxito pola sua parte, e, todo há que dizê-lo, sem muita oposiçom.
Agora voltemos à nossa condiçom de galegos ou galegas. A actuaçom da organizaçom armada suporia umha clara ingerência no nosso paìs. Alguém que vem fazer a sua guerra num território que nom lhe é próprio, mesmo poderia-se falar de violaçom de soberania.
Mas é curioso observar como estas contradiçons nom se resolvem face a um vector positivo na direcçom de conseguir mais consciência nacional e polo tanto dar passos positivos polo futuro deste país, senom que desde o nacionalismo e mesmo desde distintas posiçons independentistas afunda-se, com declaraçons e práticas políticas concretas, na supeditaçom dos interesses deste País, ou bem aos interesses espanhois ou a estratégias ( todo o revolucionárias ou transformadoras que se queiram) que nom tenhem em conta as necesidades vitais de supervivência deste Povo ao que pertencemos.
Quero comentar primeiramente duas actuaçons do BNG dos últimos dias em relaçom a estes feitos. Em primeiro lugar no concelho de Cedeira vem-se de realizar, com o apoio dos edis nacionalistas, o nomeamento de Álvaro Rodríguez Bereijo como filho predilecto. Este home nado em Cedeira ocupa o cargo de Presidente do Tribunal Constitucional, e por se alguém pensava que a homenagem recebida teria o paralelismo com qualquer outra, (mesmo, por pôr um exemplo, no caso de ter umha pessoa nada em Cedeira o Prémio Nobel de Literatura...), este home consciente dos interesses políticos que representa, ( mentres os edis do BNG sofrem de amnésia), fazia umhas declaraçons nas que afirmava que a homenagem nom era à sua pessoa senom à instituiçom que representava e a Constituiçom Espanhola, realizando "um canto à toleráncia", neste caso um canto a que toleremos os interesses espanhois, as suas instituiçons e as suas leis. Pois nas palavras deste filho predilecto de Cedeira "os inimigos da Constituiçom espanhola som inimigos da democracia". Estas actuaçons legitimam interesses espanhois , nom ajudam a crear conciência nacional e amosam a indefenssom na que se atopa Galiza na medida em que nemgumha força política as qüestiona nem as impede.
Tamém é de comentário a participaçom do BNG na manifestaçom para pedir a liberdade do funcionário de prissom Ortega Lara. Nada mais longe dum acto de defesa dos interesses nacionais, em todo caso umha aportaçom ao Estado espanhol na sua estratégia da luita contra ETA. Poderia-se pensar como um acto de solidariedade ou de defesa dos Direitos Humanos, mas sempre seria um acto parcial a favor dos espanhois num conflito que tem duas partes. Os presos e presas vascos, as deportaçons, as vítimas do terrorismo de estado....quedariam no outro prato da balança. Outra situaçom diferente se apresentaria se Ortega Lara fosse galego ou trabalhasse numha instituiçom carcerária galega. Poderia-se aproveitar o feito para reivindicar a necessidade do controlo galego das mesmas e mesmo fazer pressom para que os prisioneiros e prisioneiras de Euskadi nom o fossem nestas terras galegas. De caixom caeria o traslado à Galiza dos presos e presas independentistas, grande esquecimento do nacionalismo galego,mas que nom é de estranhar quando estamos vendo que se esquecem mesmo dos interesses do País.
Se falamos de presênÇa armada na Galiza e de riscos para a populaçom civíl, haveria que falar da presença dos exércitos espanhois que mesmo mantenhem no cárcere aos insubmissos galegos; da inclusom do nosso País na organizaçom armada OTAN ou mesmo dum perigo mais concreto que sofreu a populaçom galega este verám com a presença de Javier Solana de férias no nosso País, nom podemos esquecer o que significa para muitos povos um secretário geral da OTAN e que muitos movimentos revolucionários do mundo tenhem-no como um objectivo militar. Mas tampouco se escoitarom vozes nesse sentido a nom ser a manifestaçom do 17 de Agosto fronte às bases militares em Ponte-Vedra.
Se Galiza tivesse um estado próprio tomaria umha posiçom ou outra no conflito basco, segundo os interesses do País, como o faria diante doutros conflitos internacionais. Ainda que eu desejo que no futuro Estado Galego a política e relaçons internacionais estejam guiadas pola solidariedade entre os povos, a prática está a demostrar que nom sempre é assim, que muitas vezes os interesses entre estados e processos revolucionarios entram em contradiçom. Lembrar a acolhida de Fraga em Cuba pode ser um exemplo muito perto para nós, ou a actuaçom de ETA na Galiza. Por isso, o Estado Galego poderia passar dumha situaçom de neutralidade no conflito, mesmo de mediador internacional no mesmo, a apoiar qualquer das partes, a nível diplomático ou mesmo militar, mas sempre seria ( supom-se ) para conseguir algo a cámbio: posíveis acordos pesqueiros com o futuro Estado Basco, umha suba no preço das exportaçons energéticas a Espanha...
Agora nom. Agora o nacionalismo alinha-se com a estratégia espanhola sem que isto tenha maior rendabilidade que umha posiçom cómoda da representaçom nacionalista nas instituiçons espanholas. Por outra banda, o sector independentista que se alinha com a estratégia basca fai-no com a ingenuidade de obterr a cámbio umha titulaçom de movimento transformador e radical, título que no nosso País nom está reconhecido nem convalidado (lembremos aquilo de que as revoluçons nom se exportam), que só tem validez noutros pontos alonjados da nossa geografia, quedando unha e outra postura bastante longe do interesse comum que nos move, ainda dentro das diferentes interpretaçons desse interesse: a consecuçom dos direitos históricos da Nossa Terra.
O conflito basco tem umha dimensom tam grande, mesmo fora do que som na actualidade os domínios do Estado espanhol, que nom podemos agachar a cabeça como a avestruz ante a sua presença. As pessoas que apoiamos o independentismo, mesmo as que nom tiverom relaçom directa com a actividade armada desenvolvida no País polo EGPGC entre os anos 86-91, sabemos o que supom começar qualquer tipo de argumentaçom a prol da independência, num debate ou numha conversa qualquer, sem que imediatamente salte a comparaçom com Euskadi, com a actuaçom armada de ETA e sem que Hipercor ou Irene Villa pasem a formar parte do curriculum vitae do independentismo galego, vendonos obrigadas ou obrigados a justificar e argumentar sobre os processos de libertaçom no mundo e os seus custos, sem rendabilizar para nada os seus acertos e avantajes, que som na maioria dos casos desconhecidos.
Intentar que essa influência e presença sempiterna do nacionalismo basco ( sempre na versiom que sobre del dá o poder, é dizer , a maioritariamente conhezida no nosso País), poida ser contrarrestada sem que isso suponha um afortalamento do poder espanhol na Galiza, deve ser objectivo de todas as forças políticas que queiram representar os interesses do Povo Galego. Desde esse ponto de vista actuaçons como a de Esquerra Republicana de Catalunya, abandonando o Pacto de Madrid mentres nom se asegurasse que Espanha nom ía utilizar a força contra Catalunya num hipotético processo de independência, podem ser um pequeno botom de mostra de como actuar em política arrimando sempre a sardinha à nossa brasa, e isto tendo em conta que ERC nom é um exemplo nem muito menos de qüestionamento decidido da presença espanhola em Catalunya. O silêncio, o apoio explícito a tudo o que de fora venha com ares revolucionários ou o alinhamento com os espanhois, nom nos ajuda. Assim, os espanhois podem seguir fazendo de nós os criados e as criadas submissas que mesmo ajudam a apalear aos seus filhos e filhas quando os recrimina o amo. Eis o "Consello da Xuventude" alertando contra da mocidade , paradoxo dum organismo alinhado com o poder; a David Balsa, portavoz da campanha desenhada polo sistema espanhol para amedrontar e reprimir a mocidade independentista, e o seu entorno familiar e social, murmurando a vozes o apoio dos moços e moças da AMI a um suposto comando de ETA. Ninguém chamou à direcçom do PSOE na Galiza para que figesse calar ao seu cachorro ou o deslegitimara; tampouco à imprensa que publicou as suas baboseiras se lhe premeu com campanhas de desprestígio, boicotagem ou falta de financiamento. Mas isto último tome-se só coma um pequeno exemplo. Por certo, quando vai apostar o nacionalismo por apoiar decididamente à Nossa Terra coma um jornal diário? Que país nom o tem? Mais umha vez há que reconhecê-lo, temos muito por andar, mas os ánimos que nom faltem.
Ferrol, 25 de Agosto de 1996
Lupe Ces
segunda-feira, 26 de agosto de 1996
Nós, ETA, Espanha e o papanatismo
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