terça-feira, 20 de julho de 1999

Apontamentos para Julho - Julho de 1999

APONTAMENTOS PARA JULHO

Nom aguardedes encontrar nestas linhas , directrices ou ideias claras sobre o que vai, ou deve, definir o futuro do independentismo nos próximos anos. Isto que se me solicitou desde o Abrente, nom é mais que um conjunto de reflexons mesturadas com desexos, bos desexos, para o nosso país e para toda a gente que acreditamos nel. Eis tudo o que podo aportar ao debate aberto no seio do independentismo e nas páginas desta publicaçom concretamente.

Ainda que nom o fagamos só nesses momentos e circunstáncias políticas, o certo é que em tudos os processos eleitorais fai-se análise e reflexom. Pode que as organizaçons nas que desenvolvemos a nossa actividade política, nom participem directamente nas eleiçons, mas é um feito que, ainda valorando o lonje que poidamos estar dum sistema verdadeiramente democrático e participativo, os resultados eleitorais som um barómetro, muito a ter em conta, da situaçom político-ideológica na que se encontra a sociedade galega.

Nessa linha quero resaltar que o BNG tem conectado com um amplo sector social. Tem conectado com umha maioria social, lançando umha mensagem galega, progresista... mas nada clara em quanto ao proxecto nacional que quere construir. Muitas das pessoas que dérom o seu apoio ao BNG, e nom só o seu voto, confiam num proxecto "que vai melhorar as cousas", nom muda-las. Muitas das pessoas que dérom o seu apoio ao BNG esquecerám-se da política até a próxima contienda eleitoral, continuarám coa sua realidade bilingüe, quando nom monolingüe espanhola, consumirám cultura ou criaram cultura sem parámetros própios... e nom qüestionarám um modelo social, nem um modelo estatal, negador dos direitos da nossa naçom. Eis o reto do BNG. As pessoas que demos o nosso voto desde posiçons independentistas, figemo-lo conscientes de que neste momento político era a melhor opçom para afortalar o nacionalismo e dar um golpe político ao PP, como assim se conseguiu em cinco cidades importantes da naçom.

O independentismo só conta com um passado demasiado marcado polas divissons internas e por uns métodos de luita que devenírom nom axeitados. Conta com um proxecto nacional mais ou menos definido(1), com um corpo ideológico que lhe permitiria elaborar alternativas concretas que, somadas, fossem tecendo um novo corpo social capaz de soster um proxecto nacional necessariamente antagónico co proxecto espanhol. O independentismo nom tem conectado com um sector social, o suficientemente importante como para que poidesse ser tido em conta ou pessase nas actuaçons políticas, e nom só policiais, de Espanha na Galiza. Mas o Independentismo conta com um componhente de mocidade importante que, ainda que soma inmadurez política, dá um claro dinamismo e proxecçom de futuro, innegável aos olhos do escepticismo mais recalcitrante, e muito a ter em conta por parte do poder espanhol.

Considero que o nacionalismo e o independentismo formam neste país um sistema de vasos comunicantes nom muito complexo. Vasos que se retroalimentam, e nom me estou a referir só ao recente abandono por parte de P.L. do BNG, senom a jeitos de actuaçom, posturas ideológicas e corpo social no que respaldar-se. O BNG vai-se apoderando de estructuras espanholas de poder na Galiza em continuos embates eleitorais, mantendo umha ampla rede de organizaçons sociais (maormente os sindicatos CIG e SLG-CC.LL.), ainda que cada vez mais dependentes desse próprio poder e pouco enfrontadas a ele. O independentismo parez encaminhar-se, ou assim o devera fazer baixo o meu critério, a furar no senso contrário, é dizer, a construir estructuras socias próprias e nom dependentes e a aumentar essa independência nas já existentes, a organizar a sectores da sociedade galega para ensaiar desde já essa alternativa social para Galiza, a romper com a ideia de que devemos aguardar para sermos independentes e comezar a actuar como tais. Mas insistiria em que o independentismo nom deve construir-se com argumentos sectários contra do BNG, se nom com proxectos próprios e alternativos.

Outro aspecto que gostaria de sublinhar é a necessidade de variar o concepto organizativo e definitório do independentismo. Hoje é algo mais que umha soma de organizaçons políticas. Hoje é umha prática feminista, som movimentos musicais, culturais, de defessa da língua, anti-militarismo ... e aguardemos que logo o seja a criaçom de meios de comunicaçom próprios.

Nom é umha soma de siglas o que precisa o país. Precisa dumha soma de vontades de renovaçom, onde aportar a um proxecto colectivo. Precisa de novos xeitos de organizaçom e de luita. Dumha grande quantidade de confiança coleitiva e à vez dumha grande humildade para nom arrogar-se a representaçom da sociedade galega, umha sociedade muito compleja e dependente, mas que como todas as sociedades produz os seus proxectos de libertaçom que aguardemos sejam exitosos neste novo milénio.

1.- Excluo por suposto do independentismo à opçom que nega a Galiza como naçom e só a concibe como umha regiom de Portugal.

Galiza, Julho 1999
Lupe Cês

Publicado no periódico "A Gralha"

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