segunda-feira, 20 de outubro de 1997

Conversa com Bea Doldám: A face próxima da dispersom - Outubro de 1997

A face próxima da dispersom

Beatriz Doldán Theodosio, Bea para a gente mais achegada, leva seis anos visitando os cárceres de Córdoba e Jaén umha vez ao mês. Alí atopam-se recluidos os presos independentistas Javeir Filgueira e Carlos Deive. Falar com ela, escoita-la, é conhezer a realidade da dispersom de independentistas nos cárceres espanhois.

Mira directamente aos olhos, com palavras sencilhas. Na face debuxa o seu entusiasmo polo seu trabalho numha oficina de informaçom juvenil: "gosto do contacto co público, conheces muitas realidades e aprendes todos os dias; a mocidade, por ejemplo, para muita gente é a grande desconhecida". Só quando fala da dispersom, dos cárceres ... um pequeno movimento do lábio inferior revela a emoçom que vai por dentro.

Bea, levas seis anos viajando mil quilómetros umha vez ao mès para visitar dous cárceres.

A quem vou visitar é a dous presos independentistas, Javier e Deive, que estám em Jaén e Córdoba respectivamente. Levam oito anos em cárceres espanhois, seis anos a mais de 1.100 quilómetros da Terra. A política de dispersom que mantém a sete independentistas em cárceres fora da Galiza, nom tem trazas de cambiar co actual Governo do PP. O traslado de Inácio Martínez Orero a Valladolid é umha mostra recente dessa vontade política. Mesmo pode ser que quando se publique esta entrevista, Oliva Rodrigues e Suso Irago que se atopam em Corunha, sejam já dous nomes mais a engadir à dispersom. Por isso digo que a tua pregunta nom é exacta ( sorrí ), nom vou visitar cárceres, vou visitar a dous galegos que mesmo poderiam estar em Puerto de Santa Maria, Ceuta, Melilla, Canarias... ou a onde os levasse a dispersom.

Dous mil quilómetros numha fim de semana nom dá para entreter-se muito coa paisagem...

Pois mira, saio de A Corunha às nove da noite e estou de regresso o luns às nove menos dez, co tempo justo para entrar ao trabalho. O custe da viagem é de 40.000 pesetas, sem incluir a comida onde sempre podes amanhar doutro jeito, com cousas da casa, ou pasando a bocatas... Jaén é umha cidade moi dura, Córdoba é mais hospitalária. Alí, em Jaén sempre tês presente que estás fora da Terra. Suponho que tem que ver com que é umha cidade de terratenientes, cumha Academia de Guardia Civil e um macro cárcere no que devém em postos de trabalho, serviços e negócios relacionados com tudo isto. Córdoba é diferente, mesmo o cárcere é o típico "provincial" meio em ruinas, onde a pressom da prisom nom é tam forte. Digo tamém o de Jaén polo jeito no que se sinte alí o nacionalismo espanhol, agressivo para todo o que signifique independentismo. Mesmo eu tenho problemas para reservar alojamento. Umha noite chegarom a erguer-me da cama dum hotel às doze e meia da noite, "recomendando-me" que nom volvesse reservar alí.

O cárcere de Jaén sendo de máxima seguridade nom parece moi seguro para a povoaçom reclusa.

Um dado que dá umha ideia real do que é Jaén é que no ano 96 morrerom seis presos, um deles dos calificados FIES. As causas de falecemento som o "suicidio".Sabes que a calificaçom de FIES é totalmente alegal. Aplicase-lhe a todos aqueles presos e presas considerados de perigo para a cadea. Na práctica estase-lhe aplicando às pessoas mais reivindicativas que nom se deijam dobregar polo sistema penitenciário e às presas e presos políticos. Estes Ficheiros Internos de Especial Seguimento tenhem umhas condiçons moi duras nos cárceres, com ailhamentos, intervençons da correspondência e as comunicaçons; registros e cacheios mesmo à noite... Um destes seis moços que morrerom o ano pasado em Jaén, levava desde que o trasladaram, em ailhamento. Vinha castigado doutra prisom por pegar umha patada a um funcionário. Outros presos escoitavam como lhe pegavam a diário, logo apareceu aforcado. Som pessoas que nom tenhem direitos. O cárcere sempre é inumano. Jaén é a perfeiçom dessa política penitenciária. Javier junto cuns prisioneiros vascos , levam mais dum ano no módulo de ailhamento. A disculpa para leva-los alí foi o ter que fazer obras no módulo que ocupavam. Javier é o único independentista em prissom que está clasificado na actualidade em primeiro grao, que é o regime mais duro de cumprimento. Isso é Jaén e como castiga um comportamento coerente no cárcere. Soma-lhe agora os dous mil quilómetros para umha visita de 40 minutos ou um vis a vis dumha hora.

Ti pertences a umha organizaçom anti-represiva, CAR, quais som para ti as coordenadas polas que se deve mover a política anti-represiva no país.

O país está a sofrer umha vaga represiva que tem como obxectivo frear a resposta popular ante a desfeita da política neo-liberal aplicada polo PP tanto desde o Governo do Estado como desde a instituçom autonómica capitaneada por Fraga. Daí a popularidade em negativo de persoajes como Diz Guedes. A represom se centra nas mobilizaçons na rua, nas luitas sindicais, na mocidade, nacionalistas... e a represom contra das organizaçons independentistas, mesmo estas últimas detençons podem situar-se dentro da mesma linea de actuaçom do poder espanhol. As organizaçons anti-represivas CAR e JUGA nom fomos criadas em principio para dar apoios, informaçom e respostas a este tipo de represom tam geralizada. Os meios som poucos e a experiência acumulada insuficiente. A nossa raçom de existir é, hoje por hoje, a existência nos cárceres de pessoas independentistas presas pola sua vinculaçom co que significou a actividade armada do Egpgc. Qualquera passo que rompa co impasse no que nos atopamos passa por umha unidade de acçom e de estratégias. Aos presos e presas hai que trae-los ao País. Temos que pôr fim entre todos e todas a esta situaçom de condea engadida para as pessoas presas e para as suas familias e amizades. As diferências que poida haver entre Juga e Car tenhem que passar a um segundo plano. O independentismo assim no-lo está a reclamar. É certo que houvo abandonos da organizaçom armada, mas nom dos postulados independentistas nem claudicaçom ante o poder espanhol; houvo distintas análises políticas e erros polas duas partes. Neste momento e sobre todo sem actividade armada desde o ano 91, penso que cumpre um esforço unificador das duas organizaçons que representamos a este coleitivo de galegos e galegas que padecem a face mais agresiva do Estado espanhol, para conseguir a sua liberdade.

19-10-1997
Lupe Ces
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quinta-feira, 2 de outubro de 1997

Eleiçons 1997

Intentarei em poucas palavras explicar o porque considero que umha pessoa independentista teria que votar o próximo dia 19, BNG. Algumhas das razons que vou expôr, som parciais, outras mais fundamentais, porém suplico a quem lea esta aportaçom faga umha valoraçom global das mesmas porque só deste jeito podem ser entendidas.

O BNG nom é um proxecto independentista, mas é um proxecto do País, para tentar sobre-viver como naçom dentro do Estado. Nom é um proxecto revolucionário, entendido como impulsor dum modelo novo de sociedade, mas é um proxecto que se encadra dentro do campo progressista e valedor do calificativo de "esquerda reformista".

Há possibilidade certa, co esforzo dos sectores progressistas da sociedade, incluido o independentista, de que o BNG poida acceder ao Governo da Xunta em coaliçom co partido espanhol PSOE. O BNG careceria de todos os jeitos, do poder real que posibilitara um cámbio de forzas dentro do Estado. É certo que seria um Governo moi encorsetado para o nacionalismo, mas provocaria umha nova dinámica de debate social dentro da Galiza e um incremento na conciència nacional. O que seria já positivo, sem mais voltas, é derrotar democráticamente, se a este jogo entre desiguais se lhe pode chamar democrático, a Fraga, debilitando, como se dum efecto dominó se trata-se, à força política com maior presència e maior poder dentro do País, o PP, que nom vai dubidar em utilizar toda a sua rede e poder caciquil para fazer durar o menos posível o hipotético governo.

O BNG tem a estratégia de governar "custe o que custe", é dizer, amarrados pola falta de poder real, entre o PSOE, o caciquismo, o governo de Madrid e umha sociedade galega que precisa, mas nom demanda, cámbios radicais. Pode passar como aconteceu em Malpica quando se perdeu o governo municipal. Outro lastre é o contar cumha militáncia moi acomodada a métodos de luita e reivindicativos, que nom implicam muito compromisso, entre ela a aristocrácia sindical. Pode-se repetir a situaçom de desmoralizaçom de quando se expulsou aos parlamentários por nom ter jurado a Constituiçom. Mas essa é a estratégia do BNG, a sua aposta, refrendada hoje por um sector importante da sociedade. Mas que passa co Independentismo?

A FPG aparece como a única alternativa independentista que se pode votar nestas eleiçons. Mas é umha organizaçom lastrada por ser um dos anacos visíveis do que resta do que foi o proxecto político que se artelhou ao redor do EGPGC. A maiores esta forza política mais dumha vez traspasou a linea que separa solidariedade e mimetismo, em relaçom à luita independentista de Euskadi. Muitas das pessoas que componhem as suas candidaturas, som gente luitadora, que sofre repressom polo seu compromisso político e sindical, mas nom é suficiente. Nom chega com ser pessoas honradas e coerentes. Isto, com ser imprescindível, é claramente insuficiente se nom se conta cum proxecto político independentista que resposte à pergunta fundamental de que tipo de sociedade queremos construir para o século XXI. É por isso que valoro inútil o esforço da FPG apresentando-se a estas eleiçons. Baixo o meu ponto de vista, os esforços deberiam ir dirigidos a artelhar umha alternativa independentista de síntese. Umha alternativa que recolhesse o capital político e humano que se criou na década dos 80 ao redor dos principios de Independência, Anti-Patriarcado, Reintegracionismo lingüistico e cultural, Anti-militarismo e Socialismo Ecológico. Umha alternativa que figera possível o encontro generacional entre o independentismo que se criou ao redor da ideia, hoje superada de "Partido Único"; o que se entregou a um enfrentamento directo co Estado cum claro compromisso co País, mas hoje claramente derrotado, e umha mocidade independentista que às portas do novo século, parece abandoada à sua sorte, em quanto aos envites repressivos do Estado se refire, e quedar assim grupusculizada e de costas à realidade social.

01-10-1997
Lupe Ces
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