quarta-feira, 25 de outubro de 2000

Conversa com Rafael Rodríguez - Outubro de 2000

"Ferrol precisa dum serviço de nefrologia"

Rafael Rodríguez Martínez, leva seis anos transplantado dos riles. Umha pessoa que morreu e tinha feito doaçom dos seus órgaos, coincideu que tinha compatibilidade genética com ele. Assim foi como apartir do mes de fevereiro de 1993, recuperou parte da qualidade de vida que lhe roubara umha doença e que lhe obrigara durante dous anos a escravizar-se da hemodialise para poder viver. Controis mensuais e várias hospitalizaçons ao ano, nom lhe impedem agora levar umha vida normal. É mestre em activo, coida e disfruta da sua filha de meses, habitual no trabalho de solidariedade com Cuba, tem tempo a maiores para se converter numha das vozes que se levantam na comarca de Ferrolterra para reivindicar melhoras sanitárias para as pessoas que padecemcomo ele insuficiència renal.

Pareces umha das pessoas mais informadas em quanto às necessidades sanitárias em nefrologia desta comarca.

Eu som umha pessoa afectada por umha enfermidade que pode ser mortal. Desde esse ponto de vista, as pessoas afectadas somos as mais indicadas para ter consciência das nossas necessidades e ser protagonistas da nossa própria saúde.Se falamos das iniciativas que se estam a tomar, encaminhadas a dotar a comarca de Ferrolterra dumha unidade de nefrologia, tenho que dizer que somos três associaçons as que estamos a levar esta luita: a "Asociación de diabéticos de Ferrolterra", "Asociación de enfermos de Lupus( AGAL) e a "Asociación de Loita contra das enfermidades do Ril (ALCER)".

Como enfocades vós a problemática das pessoas com insuficiência renal.

Na Galiza, ainda sendo umha das zonas do estado com maior número de doantes, as listas de agarda para realizar um transplante vam aumentando. A verdade é que a populaçom com insuficiência renal aumenta, fundamentalmente pola esperanza de vida que também tem aumentado.

Neste momento só se realizam transplantes no Hospital Juan Canalejo de A Corunha e no Hospital Geral de Compostela..

No ano 97, das 20.000 pessoas que morrerom na Galiza, só ao redor de 70 tinham doado os seus órgaos. Ainda que nom é umha quantidade nada despreciável, é precisso aumentar as doaçons.

Mas o que nos tem profundamente preocupadas às très associaçons que mencionava antes, é a situaçom da zona sanitária de Ferrol.Neste momento, o único tratamento ao que pode ter acesso umha pessoa doente nesta zona é á hemodialise. As outras técnicas, tratamentos, consultas... temos que realiza-las em Juan Canalejo ou no Hospital Geral. Isto significa que umha urgència, umha hospitalizaçom...pode ser mortal. A área sanitária de Ferrol comprende nove municipios e as distáncias som grandes.

Os custes económicos polos desplazamentos venhem agravar as economias das familias que tenhem a enfermidade na casa.

As doenças de ril desta área sanitária, significam 3.000 dias de hospitalizaçons em Juan Canalejo, mil consultas ao ano, um número também elevadissimo de urgências... Nom entendemos como umha das áreas sanitárias mais povoadas carece deste serviço de nefrologia.

Desde Ferrol estamos solicitando desde há anos a criaçom deste serviço. Apresentamos um informe bastante completo sobre as necessidades e situaçom das pessoas enfermas nesta área, acompanhado polas sinaturas das pessoas que estavam submetidas nesse momento a hemodialise ou transplantadas. A primeira entrevista co responsável sanitário na "Xunta", desenvolveu-se com muita cordialidade e parecia haver muito entendimento a respeito desta problemática. Chegou-se-nos a dizer que no praço de dous anos estaria funcionando. Este praço cumpriu-se no mès de fevereiro, onde mantivemos umha nova entrevista co actual director de Asistência Sanitária. Desta volta já nom saimos tam contentes.

Que alternativa vos ofereceu a administraçom depois destes dous anos de agarda?

Deu como primeiro passo a actuaçom dum nefrólogo dependente do Arquitecto Marcide que realizaria diagnósticos e um estudo sobre a situaçom nefrológica da área sanitária. Umha medida totalmente insuficiente pois as consultas, tratamentos, hospitalizaçons e urgèncias vam seguir dependendo de Corunha.Quero lembrar que umha urgència pode ser mortal nestes casos.Corunha está saturada.

Qual consideras ti que podem ser as raçons da Administraçom para nom ter criado este serviço de nefrologia?

A disculpa nom pode ser económica. A "Xunta" acava de receber mais de 8.000 milhons dos fondos europeus com os que se estam a reformar as instalaçons do Arquitecto Marcide. Por outra banda, a raçom económica nom pode baralhar-se quando falamos de sanidade pública, que tem que entender-se como um serviço, nom como umha actividade económica.
Nefrólogos e nefrólogas com o Mir feito, há dabondo, mas estam trabalhando noutras especialidades.

Nós solicitamos que o que se pode fazer em Corunha que se poda fazer em Ferrol. Aqui só podemos fazer hemodialise tres dias da semana. Se tes que faze-la em sábado ou domingo, tes que desplazar-te a Corunha.

A área sanitária de Ferrol comprende um quarto de milhom de pessoas, é umha das mais grandes da Galiza. A área de Lugo, tem hemodialise em Burela,Lugo e Monforte, ademais do serviço de nefrologia, e som 340.000 pessoas.

Todas as partes consultadas da Administraçom vem a necessidade de amanhar isto, mas convinha cambiar as boas palavras por feitos.

Os sindicatos e partidos políticos da comarca avalam as nossas posiçons, mas a realidade nom cámbia.

Que mais vos queda por fazer?Que tedes proxectado?

Temos umha recolhida de sinaturas em marcha entre a populaçom. O Bloque vem de comprometer-se a levar este tema como pergunta parlamentar. Outros grupos como o Psoe e E de G. também vam levar adiante umha série de iniciativas. Nós estamos agardando que o Conselheiro nos receva. Temos esperança de que os meios de comunicaçom recolham esta problemática e se poda entre todo um pouco, conseguir o nosso obxectivo. Nós como colectivos nom podemos fazer muito mais. Somos pouca gente organizada e muita gente enferma, com as limitaçons que todo isso conleva. O nivel socioeconómico das pessoas afectadas e das suas familias é muitas vezes moi baixo, quando nom está complicado com enfermidades mentais, emigraçom... ou a idade média, que é moi alta também.

Como describirias em cifras esta enfermidade?

Umha hemodialise som 22.000 ptas,Multiplica isso unhas doze vezes por mês. Que economia familiar pode afrontar isso? Mesmo que seguro sanitário privado pode oferta-lo? Um transplante som tres milhons de pesetas. A medicaçom de umha pessoa transplantada pode chegar às 100.000 ptas mensuais. Isto só o pode afrontar a solidariedade e justiça social que representa a sanidade pública. Em EE.UU., que nom existe o direito à sanidade pública, muitas pessoas nom podem permitir-se um transplante por nom poder cos custes da medicaçom. Mesmo, tenho documentos que assim o corroboram, no ano 94 deixou-se morrer umha pessoa transplantada de coraçom por nom poder custear os gastos médicos. É importante também para a sanidade pública aumentar o número de transplantes porque aforra em gastos a respeito da hemodialise. De quatro milhons anuais pode-se passar a um milhom anual de gastos sanitários. As 70 pessoas que estam atendidas em hemodialise neste momento em Ferrol, só podem ser mantidas com vida pola sanidade pública.

Lupe Cês
25.10.2000

Publicada no periódico semanal "A Nosa Terra"
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