quarta-feira, 13 de maio de 1998

Entrevista a Leandro Lamas - Maio 1998

Pintura, escenografia, debujo, muralismo... som ideias, maos, pinceis, postos no País. Gente nova que trae novos folgos. Que nom conta com masters, ajudas, bolsas e apoios oficiais. Gente que sabe de que lado pinta.

Tem 25 anos, estudou delineaçom e quando dí que é natural da parróquia de Ferrerias , do Concelho de Narom, fai-no com certa fachenda e os olhos cheios de picardía. Leandro Lamas Ermida é pintor e algo mais, como puidemos comprovar ao longo dumha entrevista informal que derivou em conversa sobre os mais variados temas, entre o barulho da cafeteria dum centro cultural onde Leandro acude a receber aulas de pandeireta.

-É que umha vez que começas a debujar vès cada vez com mais nitidez que todo está interrelacionado e umha cousa vai-te levando a outra. O do teatro é um ejemplo claro, porque quando vês um escenário é como se estivesses vendo um quadro.

Leandro leva tempo colaborando co grupo de teatro “ Castelo de Moeche” Agora mesmo estám pendentes do estreo dumha obra de Roberto Vidal Bolanho “Ledainhas pola morte do Meco”, que vai contar cum vestiario moi especial

-É roupa reciclada. Aproveitamos roupa já usada e materiais de refugalho, logo os pinceis e a pintura fixerom o resto. Sim, eu também interpreto um papel na obra. Como vès , sempre há um paralelismo em todos os aspectos artísticos.

Às vezes se confunde com el o papel de entrevistado e entrevistadora. É de poucas palavras. Mas estas fluem com facilidade quando se lhe pregunta polos seus começos.

-Na escola pública Ponte de Jubia, tivem a sorte de contar cum mestre que me ajudou a descubrir já de moi pequeno que eu gostava de aquilo de debujar e pintar. Logo comecei com banda desenhada. Tenho criado umha persoagem chamada Balbino, que penso seguir mantendo inédito, porque se trata dum velho moi bravo. Logo comecei coa pintura e o muralismo. A banda desenhada segoa trabalhando. Colaborei coa Asociaçom Reintegracionista Artábria na publicaçom “História da Galiza” . Muitas hora me levou! Comecei fazendo líneas e quando me dim conta havía que fazer líneas e líneas por todas partes.

Agora chega o momento de perguntar polas fontes , a técnica, o estilo....

-Tenho muito de auto-didacta. Assistim a aulas de Xaquim Marim. Aprendim muito alí. Ainda que foi mais o que aprendim das longas parrafadas que nos botavamos, que a técnica propriamente dita. Maside, Seoane, Díaz Pardo... som se se pode dizer desse jeito as minhas fontes. O meu estilo está em evoluçom, penso que simplifiquei bastante as minhas realizaçons. Agora umhas quantas líneas som as que dirigem todo o conjunto. Já sabes, cores vivos, lineas onduladas, rostros expresivos...

Leandro é conscente de que a sua arte pertence a este país. Sabe que por isso sempre se corre o risco de ser ou nom ser sentido e comprendido além destas paixages onde os seus murais aparecem mais vivos e à vez como um elemento mais que solprende até o ponto de nom percever como poderia ficar antes aquel muro , espido , sem a vida das pessoagens que Leandro tem deitado já em mais de seis edificios públicos da comarca àrtabra. O derradeiro, no salom de actos do sindicato CIG.

-O trabalho como muralista é interesante para o entorno. É um trabalho moi lucido. Um jeito único que tenho de compartilha-lo com muita gente, faze-lo público e para desfrute de todo o mundo. Ademais há muitas paredes que pintar....

Sabe da necessidade da promoçom. Pretende viver disto porque é do que gosta. Fala de gente nova coma el : Carlos Sardinha, Ladis... Aspira a que a arte plástica acade a energia que tem neste momento a música inspirada na tradiçom galega. Que se crie co tempo um movemento de gente nova, com novas ideias e estilos. Circuitos por onde a arte se consuma como a música, com cerveja ou copo de vinho se fai falta. Toca-lhe falar dos proxectos.

-Quero que a inauguraçom da exposiçom de junho na sá Sargadelos seja umha festa. Por isso vai tocar o grupo Cachimonia , de Neda.

Um grupo também de gente nova, que ponherá a marcha numha exposiçom onde no meio dos óleos apareceram os mais significativos pessoagens da mitologia galega: meigas, trasnos, fadas...

-Estou trabalhando na ilustraçom dum conto infantil, da autoria de Pepablo, co que sempre ando compartilhando cousas... Sim, colaboro com distintas organizaçons alternativas da comarca. Gosto de ver a utilidade do que fago. Som consciente de que se fosse doutro jeito nom pintaria assim.

Nalgumha romaria, na rua, numha praça pública ou em muitos locais desta comarca podemo-nos cruzar com camisetas, postais, cartaces... que com um lema reivindicativo , de denúncia ou solidário, vam indistintamente proclamando o nome do seu autor. Coas suas formas, coas suas cores, cos seus enormes olhos ... som de Leandro.

Lupe Cês
13 de Maio de 1998

Publicada no periódico "A Nosa Terra"
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